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Pacto Maldito (ou Quase um Segredo)

"Pacto Maldito" (Mean Creek) - Divulgação

"Pacto Maldito" (Mean Creek) - Divulgação

George é um garoto grande demais para sua idade. George é um garoto solitário demais para fazer amigos. George é um garoto carente demais para conseguir lidar com sentimentos afetivos.

“Pacto Maldito” (exibido nos cinemas brasileiros com o título “Quase um Segredo”) gira em torno de um passeio que começa como uma brincadeira de mau gosto e acaba em tragédia. A vítima, aparentemente, é George (Peck), o menino esquisito e brigão da escola, o excluído da turma. Querendo dar uma lição nele, um grupo de amigos, formado por jovens na faixa de 13 a 17 anos, decide convidá-lo para um passeio de barco somente para pregar uma peça. No meio do caminho, alguns deles decidem cancelar a brincadeira, mas não conseguem evitar o pior.

Trata-se de um ótimo drama, que começa como um “filme de amigos” típico dos anos 1980. E vai funcionando assim até a hora em que os garotos decidem fazer o clássico jogo “Verdade ou Desafio.” Quem nunca brincou disso naquela idade? Mas, como a garota Millie (Schroeder) diz, alguém sempre sai magoado. No caso, todos saem feridos. E a partir daí, o filme se transforma em um estudo sobre as decisões morais daqueles personagens frente ao que ocorre naquela tarde no rio.

O elenco é formado por jovens talentosos, dentre os quais se destacam Rory Culkin (“Sinais”), como o frágil Sam; Carly Schroeder (“Firewall”), como a inocente, mas sagaz Millie; e, principalmente, o novato Josh Peck, como George. Peck consegue trazer à tona o complicado conflito interno de seu personagem, que ao mesmo tempo em que aparenta ser amargurado, no fundo é apenas um garoto querendo se incluir num grupo e fugir da solidão. Só que ele não consegue encontrar o meio certo de se aproximar das pessoas.

O diretor-roteirista estreante Jacob Aaron Estes priva a platéia dos reais motivos que levaram George a se tornar tão problemático. Ele era maltratado pelos pais? Ou simplesmente era ignorado por eles? Ele não se sentia valorizado? O que de fato o deixava tão magoado com o mundo a sua volta? Somente um alienígena que encontrar a “cápsula” deixada por George descobrirá a resposta. Aaron Estes tomou uma decisão corajosa em não dar uma explicação, correndo o risco de deixar o espectador com uma sensação de que o filme está incompleto. Mas o que realmente incomodava George não importa tanto assim: o que de mais relevante podemos tirar da história está na construção dos personagens e nas decisões que cada um deles toma.

O que fica demonstrado é que o comportamento ético e moral se constrói desde cedo. Da mesma forma que daquele grupo poderia sair um sujeito honesto no futuro, alguém também poderia se tornar algum tipo de criminoso sem escrúpulos. E numa época em que a ausência de referências familiares é cada vez maior (basta observarmos a forma como as famílias vêm sendo retratadas no próprio cinema), “Pacto Maldito” proporciona um questionamento fundamental, tanto para os pais quanto para os filhos.

"Pacto Maldito" (Mean Creek) - Divulgação
"Pacto Maldito" (Mean Creek) - Divulgação

Pacto Maldito (ou “Quase um Segredo”, Mean Creek, 2004, EUA). Direção de Jacob Aaron Estes. Com: Rory Culkin, Ryan Kelley, Scott Mechlowicz, Trevor Morgan, Josh Peck e Carly Schroeder.

O DVD

O DVD não foi avaliado para esta resenha. De acordo com informações da Paramount Home Entertainment, estas são as características do disco:

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