Rapidinhas de Junho – Parte II

A Noiva Síria (The Syrian Bride, 2004, França/Alemanha/Israel), de Eran Riklis: Quando li a sinopse, pensei que se tratava de um filme que eu havia visto no ano passado, “Sob o Céu do Líbano”. Mas apesar do tema parecido – jovem deve atravessar a fronteira entre Síria e Israel para se casar
– “A Noiva Síria” conta uma história tragicômica, apontando para um problema que o outro filme não trata: a burocracia absurda que impede o casamento da protagonista. Há uma subtrama entre o irmão e o pai dela que poderia ter sido explorada com mais profundidade, mas acaba se rendendo a uma resolução fácil. Dramaticamente, o filme não é um grande achado. Mas tem sua importância por seu retrato político e social.

Achados e Perdidos (2006, Brasil), de José Joffily: A trama é totalmente previsível e o final é realmente comprometedor. Mas todo o clima criado por Joffily nesse raro exemplar de filme policial no cinema brasileiro compensa o roteiro falho. Sem falar nas atuações: Antônio Fagundes encarna com competência um ex-detetive entregue ao álcool e apaixonado por uma prostituta, vivida por Zezé Polessa; e Juliana Knust, apesar de relativa insegurança, se sai muito bem como uma prostituta imigrante tentando sobreviver no submundo carioca (se você já viu o filme, eu nem preciso dizer que ela já está entre as candidatas ao troféu Por Ela Eu Entro em Coma, certo?) Gostei também da montagem não-linear, que propõe ao espectador montar o quebra-cabeça. Mas, como disse, fica fácil demais antever como vai terminar.



Sorte no Amor (Just My Luck, 2006, EUA), de Donald Petrie: Uma comédia romântica bem anos 80. É daqueles filmes em que um elemento sobrenatural faz os personagens principais trocarem de corpos e/ou personalidades. O engraçado é que a história é sobre a sorte e o azar de Lindsay Lohan e Chris Pine, mas muito do que acontece de ruim com eles é fruto de pura e simples burrice. Se não contasse com tantos coadjuvantes irritantes, poderia até ser mais agradável de se assistir. É uma diversão leve, mas tão leve, que acaba sendo dispensável.

Meu Amor de Verão (My Summer of Love, 2004, Reino Unido), de Pawel Pawlikowski: Apesar de ser um filme sobre um relacionamento lésbico, não vejo muita ligação com “Almas Gêmeas”, como já vi algumas pessoas falarem. O filme de Peter Jackson vai por um caminho totalmente diferente. Este aqui é um pouco mais leve, pois é genuinamente um romance sobre duas garotas que trocam experiências. A carga dramática reside muito mais no relacionamento de Mona (Nathalie Press) com seu irmão (Paddy Considine) do que em seu namoro com Tamsin (Emily Blunt). É um filme sobre redenção, no final das contas, em que cada personagem tenta encontrar uma forma de se libertar. Ótima fotografia. E não custa dizer: que maravilha essa Emily Blunt, hein?