Anos 80. Década maravilhosa que nos deu pérolas como “Supermáquina”, “Esquadrão Classe A” e “Magnum”. Estes ainda estão esperando uma adaptação decente para as telonas, o que infelizmente não é o mesmo caso de “Miami Vice”.
Pra falar a verdade, não se pode nem chamar de adaptação, porque nada restou das histórias protagonizadas por Don Johnson e Phillip Michael Thomas além dos nomes, profissões e localidade. Michael Mann mudou completamente todo o resto. Quem esperava ver Sonny Crockett e seu crocodilo de estimação Elvis, pode tirar o cavalinho da chuva.
É muito óbvio que é um projeto originado do ego inflado de Jamie Foxx, pós-Oscar, até porque ele tenta de todas as maneiras transformar o seu personagem numa espécie de Shaft do novo milênio. É patético, além de ser insolente para o público. Ao tentar seguir a cartilha de Samuel L. Jackson, Foxx escorrega ao ponto da melhor cena de ação do filme ser protagonizada pelos coadjuvantes.
Colin Farrell está lamentável. Não sei a que cargas d’água inventaram esse visual para o personagem que ele interpreta. Além disso, faz uma interpretação digna de alguém que obviamente quis boicotar a produção ou estava sob o efeito de algo muito forte. Além de ter que carregar a parte romântica da subtrama, inverossímil por sinal, o irlandês tem que tentar contracenar com Gong Li (foneticamente recitando suas falas em inglês ao ponto de praticamente necessitar de legendas) num par que sinceramente consegue ser pior que Howard e Lea Thompson em “Howard – O Super-Herói”.
Mann é um cineasta talentoso, mas provavelmente vai viver sempre à sombra de sua obra-prima, “Fogo Contra Fogo”. Quem lembra vai notar que somente a cena do assalto ao banco naquele filme vale por dez “Miami Vice”.
Espero que nas adaptações que estejam por vir, pelo menos as pessoas envolvidas honrem os originais. Porque eu realmente vou ficar muito irritado se na versão de “Manimal”, o Dr. Jonathan Chase não se transformar numa pantera negra ou num falcão. Seria só o que faltava mesmo.
Miami Vice (2006, EUA) Dir.: Michael Mann – nos cinemas brasileiros em 25 de agosto
Texto escrito por Tooms