Diferente do que se pode imaginar, não se trata de mais uma paródia à la “Shrek”. É claro que, por ser situado em um conto de fadas, as referências estão lá (como os Três Porquinhos). Mas o filme está mais para uma reimaginação de “Chapeuzinho Vermelho”, adotando os pontos de vista dos personagens principais para contar a história, que agora conta com uma trama policial no meio. Cada ponto de vista tem sua boa dose de humor (variando entre momentos típicos dos desenhos dos Looney Tunes e piadas mais sarcásticas apropriadas para os adultos). A versão do Lenhador é a mais fraca, mas ainda assim é divertida. Os roteiristas – que também são os diretores, os produtores, os compositores e outras coisas – preocuparam-se em amarrar todas as pontas do filme. Uma referência que aparece nas primeiras cenas, lá no final terá sua razão de ser. Numa época em que as animações 3-D tornaram-se padrão de mercado (e a tendência é que os produtos caiam de qualidade a cada safra), é ótimo poder ver uma produção independente e inteligente como “Deu a Louca na Chapeuzinho”, ainda que com sua evidente precariedade técnica.
Deu a Louca na Chapeuzinho (Hoodwinked!, 2005, EUA), dir.: Cory Edwards – Nos cinemas
Editor-chefe e criador do Cinematório. Jornalista profissional, mestre em Cinema pela Escola de Belas Artes da UFMG e crítico filiado à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e à Fipresci (Federação Internacional de Críticos de Cinema). Também integra a equipe de Jornalismo da Rádio Inconfidência, onde apresenta semanalmente o programa Cinefonia. Votante internacional do Globo de Ouro.