Certa vez, eu li uma anedota entre dois amigos… Um deles comentava que estava ouvindo músicas em seu discman quando foi ao banheiro. Assim que abaixou as calças, “Gonna Fly Now”, famoso tema de Rocky, começou a tocar. Seu comentário ao amigo? “Nunca me senti tão macho em toda a minha vida”.
Apesar de ser um comentário muito engraçado, não deixa de ser um comentário válido. Afinal de contas, quem de nós ao assistir inúmeras reprises de um dos filmes da série “Rocky” não socou o ar e levantou as mãos aos céus fingindo ser o grande Rocky Balboa?
Obviamente, muitos vão falar que Sylvester Stallone fez esse filme para ser a sua grande volta, o que eu considero ser meia verdade. Rocky Balboa é um personagem muito querido na história do cinema. Um dos poucos personagens cuja música-tema é inesquecível e sempre será relacionada à série de filmes.
Escrito e dirigido por Stallone e praticamente apagando o fiasco do último episódio da franquia há quase 16 anos, “Rocky Balboa” conta uma história com a qual muitos podem se relacionar: a vontade de mostrar ser capaz de fazer algo, mesmo que todos achem que não é possível.
Refletindo bastante no filme original, este não deixa de ser uma homenagem assim como uma reinvenção. Personagens presentes no primeiro filme reaparecem anos depois, uma esperta forma de mostrar a passagem do tempo. A Filadélfia de Rocky também envelheceu. E apesar de todo o envelhecimento aparente, Stallone se mostra um bom diretor e roteirista ao não cortar elos com o passado e querer uma nova constelação de personagens. Tratando Rocky como um personagem realístico, Stallone recorre a antigas figuras da série que trazem ao espectador um grau de familiaridade e conforto. Como Paulie, interpretado com maestria por Burt Young, que, assim como Rocky, consegue se manter fiel ao personagem em todos os seis filmes. Também há Tony Burton como Duke, antigo treinador de Apollo e Rocky. Milo Ventimiglia é uma boa adição no papel de Rocky Jr. (a semelhança física entre ele e Stallone ajuda bastante), anteriormente interpretado pelo próprio filho de Stallone, Sage.
A luta entre Rocky e Mason Dixon, emulando uma transmissão de TV, é a grande diferença entre todos os filmes anteriores, tornando-a bem realista. Você vai vibrar como em qualquer um dos outros longas, tornando-se mais um da multidão ao clamar “Rocky” inúmeras vezes.
É um filme com coração. Se você não se arrepiar ao ouvir “Gonna Fly Now”, você é certamente um robô.
Sinceramente, um dos meus 10 preferidos em um ano com poucas opções. Assista.
Rocky Balboa (2006, EUA), dir: Sylvester Stallone – 9 de fevereiro nos cinemas brasileiros