Desconfie sempre que um filme estiver pronto há uns dois anos e ainda não encontrou distribuidor. Ray Liotta faz um promotor público que pretende concorrer à prefeitura, mas que vê seus planos darem errado quando se envolve na investigação de um assassinato alegadamente cometido em legítima defesa por sua assistente. A moça é interpretada por Jolene Blalock (da série “Enterprise”) e é vista por todos os machos do filme como a mulher mais bonita e sedutora do distrito (pudera, já que não vemos outra). Ela é o pivô da trama, se envolvendo com quase todos os personagens. Daí você já pode imaginar que teremos vários pontos de vista para a história. Mekhi Phifer é o cara morto que se envolveu com Blalock. LL Cool J é um ex-tira que se diz amigo de Phifer (e também se revela seu confidente, já que sabe detalhes íntimos da relação dele com a garota). Bruce McGill é o tira pé-no-saco e Chiwetel Ejiofor, o melhor ator do elenco, é desperdiçado como um repórter tentando conseguir um furo sobre o caso. Wayne Beach (“A Cilada”, aquele com Wesley Snipes) é o diretor e o roteirista. Falha como ambos. Primeiro, porque cria planos ridículos, como aquele em que faz Blalock passar por uma vidraça colorida enquanto alguém diz que “ela muda de cor como um camaleão” (pfffff!). Segundo, porque a história é uma bagunça e usa o velho artifício das reviravoltas com flashbacks para tentar dar sentido àquilo tudo. Enfim, uma perda de tempo.
O Crime Perfeito (Slow Burn, 2005, EUA), dir.: Wayne Beach – disponível nas locadoras
Editor-chefe e criador do Cinematório. Jornalista profissional, mestre em Cinema pela Escola de Belas Artes da UFMG e crítico filiado à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e à Fipresci (Federação Internacional de Críticos de Cinema). Também integra a equipe de Jornalismo da Rádio Inconfidência, onde apresenta semanalmente o programa Cinefonia. Votante internacional do Globo de Ouro.