Gosto de filmes wuxia, mas prefiro aqueles que mantêm um pé na realidade, como “O Tigre e o Dragão” e “O Clã das Adagas Voadoras”. Outros que são mais absurdos e fantasiosos também me agradam, como “Herói”, mas esse “Protetores do Universo” passa da dose ideal para mim. Dirigido e co-escrito pelo veterano Tsui Hark, o filme narra a batalha entre o bem e o mal (suspiros…), quando a montanha de Zu, localizada entre o céu e a Terra e habitada por guerreiros imortais, é ameaçada por Amnesia, um imortal renegado que deseja dominar o mundo (claro!). Se a parca imaginação dos roteiristas já é denunciada pela trama, espere até ouvir o nome do líder dos Zu: White Eyebrows. Trata-se de uma versão do clássico mestre Pai Mei, aquele que Tarantino usou em “Kill Bill: Volume 2” e cujo nome significa exatamente “Sobrancelhas Brancas”. Pode-se dizer que é uma homenagem. Eu digo que é preguiça, até porque os demais personagens também possuem poucos traços de originalidade. O filme até apresenta algumas coisas visualmente interessantes (como a “nuvem de sangue”), mas que logo são sabotadas pelo uso de efeitos visuais barrocos. As cenas de ação são boas, com lutas coreografadas pelo expert Yuen Woo-ping (que praticamente se tornou um clichê na indústria desde que foi descoberto pelo Ocidente em “Matrix”). Na verdade, muitas cenas parecem um animê filmado. Eu diria que até pelo próprio estilo dos personagens, isso é o mais perto que já se chegou de uma versão live-action de “Cavaleiros do Zodíaco”. E pelo título infantil que recebeu no Brasil, “Protetores do Universo” deve agradar mais aos fãs desse tipo de desenho mesmo.
Protetores do Universo (The Legend of Zu ou The Zu Warriors, 2001, China), dir.: Tsui Hark – disponível nas locadoras