Pensem bem, pois faz perfeito sentido: uma aventura com quatro amigos, sendo um brincalhão, um metido a besta, um valentão medroso e um atrapalhado. Didi, Dedé, Mussum e Zacarias! Um roteirista qualquer foi contratado só para fazer alguns ajustes aqui, acrescentar algumas referências à cultura americana acolá, manteve as gags com humor físico e piadas de duplo sentido… E voila! Aí está a sua típica comédia de “sessão da tarde”.
Sim, o filme tem seus momentos, mas, no geral, contenta-se em buscar o riso fácil por expor seus atores ao ridículo. Na verdade, os Trapalhões fariam um filme bem melhor, pois o grande problema aqui é que seus “substitutos” não sabem fazer humor. John Travolta parece estar totalmente fora do timing de seus colegas, fazendo caretas e gritando quando quer demonstrar histeria. Tim Allen já teve sua época. E Martin Lawrence… Esse nunca foi engraçado. O único que se sai bem é William H. Macy, que é um ator realmente versátil.
Quanto ao restante do elenco, não deixa de ser divertido imaginar os “vilões clássicos” dos Trapalhões no lugar dos membros da gangue de motociclistas Del Fuegos. José Dumont no papel de Ray Liotta e Maurício do Valle como seu braço direito seria algo extraordinário, sem falar em Roberto Guilherme (o “Sargento Pincel”) como o guarda rodoviário gay.
É… Definitivamente, eu iria preferir assistir a esse filme.
Motoqueiros Selvagens (Wild Hogs, 2007, EUA), dir.: Walt Becker – em cartaz nos cinemas.
Editor-chefe e criador do Cinematório. Jornalista profissional, mestre em Cinema pela Escola de Belas Artes da UFMG e crítico filiado à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e à Fipresci (Federação Internacional de Críticos de Cinema). Também integra a equipe de Jornalismo da Rádio Inconfidência, onde apresenta semanalmente o programa Cinefonia. Votante internacional do Globo de Ouro.