Sem dúvidas, o triângulo amoroso é muito mais atraente, especialmente por ser formado por dois atores talentosos, Caio Blat e Alexandre Rodrigues (o sumido “Buscapé” de “Cidade de Deus”), e uma atriz muito bonita, Maria Flor. Só que qualquer tentativa de aprofundamento na relação dos três é minada pelas tentativas de se fazer crítica social. Sim, tentativas, pois não dizem nada além do que já sabemos: as favelas são miseráveis, o Rio de Janeiro é mal cuidado, mas continua lindo, e, claro, a corrupção policial é uma merda. O último tema ainda se ramifica em uma subtrama sobre uma mãe hospitalizada que tem os filhos na mira de tiras-bandidos.
Ao perder o foco, o tríplice romance acaba não indo muito além do que se veria em um episódio de “Malhação”. Durán ainda se dá ao luxo de fazer passeios turísticos pela cidade, quando poderia estar desenvolvendo melhor os personagens – exatamente o contrário do que faz Sérgio Machado no excepcional “Cidade Baixa”.
Um filme a princípio promissor, mas que não passa disso, “Proibido Proibir” é tal qual seu título, emprestado da música homônima de Caetano Veloso: um paradoxo onde tenta ser livre (para filmar, para montar, para atuar, para viver), mas que acaba preso em suas próprias limitações.
Proibido Proibir (2007, Brasil), dir.: Jorge Durán – em cartaz nos cinemas.
Editor-chefe e criador do Cinematório. Jornalista profissional, mestre em Cinema pela Escola de Belas Artes da UFMG e crítico filiado à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e à Fipresci (Federação Internacional de Críticos de Cinema). Também integra a equipe de Jornalismo da Rádio Inconfidência, onde apresenta semanalmente o programa Cinefonia. Votante internacional do Globo de Ouro.