Benigni interpreta Attilio, professor de poesia (sim, ainda existe um professor de poesia em pleno século 21) que viaja para o Iraque a fim de salvar Vittoria, sua ex-esposa (Nicoletta Braschi), que fora atingida durante uma explosão enquanto trabalhava e agora corre o risco de morrer. Chegando lá, Attilio pode contar apenas com a ajuda do amigo Fuad (Jean Reno), que acompanhava Vittoria no país.
É um filme lírico, em que a personalidade sempre alegre e agitada de Benigni (que além de atuar, dirige e assina o roteiro) se sobressai em praticamente todas as cenas. A história é situada em plena Bagdá durante o primeiro ano da Guerra do Iraque, cenário que, para Benigni, representa o estado de espírito depressivo em que se encontra a humanidade.
Attilio, com tuda sua vivacidade, parece não pertencer a este planeta (a metáfora do título implica que ele é essa criatura rara). Desde o início do filme, quando o vemos na sala de aula, ele tenta mostrar aos outros personagens e ao espectador que podemos enxergar a vida de uma forma que diminua o sofrimento imposto pela dura realidade que nos cerca. O que o difere do Guido de “A Vida é Bela” é que, a todo o momento, Attilio também tenta mostrar isso para si mesmo, não apenas para o filho no campo de concentração nazista ou, no caso, para a ex-mulher que se encontra em estado de coma.
São poucas as cenas cômicas que realmente funcionam, mas algumas rendem momentos notáveis e comoventes, como aquele em que Attilio tenta desesperadamente conseguir de um farmacêutico idoso uma solução que sirva para salvar Vittoria. “O Tigre e a Neve” é uma história de amor, acima de tudo. Não é tão tocante quanto “A Vida é Bela”, mas, ainda assim, emociona com sua inocência.
O Tigre e a Neve (La Tigre e la Neve, 2005, Itália), dir.: Roberto Benigni – em cartaz nos cinemas