Zodíaco

Tom Cruise andou fazendo um desserviço à comunidade cinematográfica nos últimos anos, e eu não estou falando sobre a pulação de sofás. Cruise, com o seu projeto de estimação “Missão: Impossível III”, pelo menos por alguns anos nos impediu de assistir a filmes dirigidos pelos talentosos Joe Carnahan e David Fincher, que ficaram envolvidos no projeto e acabaram sendo dispensados. Essa injustiça aparentemente está sendo resolvida em 2007, primeiramente com “A Última Cartada”, de Carnahan, e agora “Zodíaco”, de Fincher.



Assim como o filme de Carnahan, “Zodíaco” é cinema de primeira, idealizado por um profissional competente a partir de uma história que atravessa quase três décadas, relatando o caso do assassino serial Zodíaco, que aterrorizou a região de São Francisco no final dos anos 60 e durante boa parte dos anos 70 (chegando a inspirar o primeiro filme da série “Dirty Harry”, com Clint Eastwood).

Utilizando-se do fato de que a verdadeira identidade do Zodíaco nunca foi descoberta, Fincher faz do espectador uma testemunha dos crimes cometidos pelo maníaco, sem de maneira alguma identificar a pessoa por trás dos assassinatos, mesmo mostrando uma série de suspeitos a partir da investigação feita pela polícia e pelo cartunista Robert Graysmith, autor do livro que serviu de base ao filme.

Fincher teve a idéia genial de utilizar três atores diferentes nas aparições do Zodíaco, fazendo o espectador estabelecer uma conexão com as testemunhas e sobreviventes dos crimes, que são incapazes de descrever com precisão o assassino, o que aumenta a aura de mistério em torno da verdadeira identidade do criminoso. Mesmo sendo apresentados a alguns suspeitos, ainda ficamos na indecisão.

Com interpretações dignas de nota como as de Robert Downey Jr., Mark Ruffalo, Anthony Edwards e Jake Gyllenhaal (este último, apesar de quase caricato da metade do filme em diante, ainda consegue segurar as pontas), “Zodíaco” aparece como uma grata surpresa após cinco anos de ausência de David Fincher das telas – mesmo com a duração de quase três horas que, em alguns pontos, chega a ser cansativa, mas necessária para o desenvolver da história.

Vale uma ida ao cinema.

Zodíaco (Zodiac, 2007, EUA), dir.: David Fincher – em cartaz nos cinemas

(post originalmente publicado em 07/03/2007)