Grande culpa do diretor Marc Foster, talvez não tão habituado ao cinema de ação quanto o veterano Martin Campbell. A grande maldição do cinema de ação deste milênio – os cortes rápidos que derrubam a ação e o suspense da execução de cenas grandiosas – está presente aqui. Mas voltando à comparação anterior entre as franquias “Bond” e “Bourne”, Paul Greengrass utiliza os cortes rápidos e câmera de mão para literalmente nos deixar tontos e sem fôlego com a eficiência de Bourne. Já os cortes de Forster nos deixam irritados e com dor de cabeça.
A história dos mesmos roteiristas do filme anterior, entre eles o oscarizado Paul Haggis, falha ao querer enfiar na cabeça do espectador algo tão bizarro como uma organização com o poder da Quantum, totalmente desconhecida de todos os serviços de inteligência do mundo. É só uma desculpa para que Bond vá atrás das coisas, algo que não era necessário em “Cassino Royale”, quando seus objetivos eram bem definidos. E o desperdício do personagem de Jeffrey Wright, a quem são dadas pouquíssimas cenas, nos faz pensar que ele será mais bem aproveitado no próximo longa. A franquia Bond tem que tomar uma lição de Christopher Nolan e aprender que os coadjuvantes fazem um bom filme hoje em dia.
Talvez por inevitavelmente se comparar com a outra franquia de espionagem do momento, houve a escolha consciente e falha de tentar superar “Cassino Royale” no número de cenas de ação. Aí está o erro. Aquele filme é eficiente por manter a ação no mínimo necessário. É um filme com classe. “Quantum of Solace” não tem classe nenhuma. É apenas cinema de ação, mais um para uma franquia que deveria ser tratada com o cuidado que merece.
direção: Marc Forster; com: Daniel Craig, Olga Kurylenko, Mathieu Amalric, Judi Dench, Giancarlo Giannini, Gemma Arterton, Jeffrey Wright, David Harbour, Jesper Christensen, Anatole Taubman, Rory Kinnear, Joaquín Cosio; roteiro: Paul Haggis, Neal Purvis, Robert Wade; produção: Barbara Broccoli, Michael G. Wilson; fotografia: Roberto Schaefer; montagem: Matt Chesse, Richard Pearson; música: David Arnold; estúdio: MGM, Columbia Pictures, Eon Productions; distribuição: Columbia Pictures. 106 min