São muitos personagens (a maioria, desinteressante) em torno de uma trama simples, que acaba se tornando confusa. E por mais que o objeto de troca da vez (em “Jogos” era dinheiro, em “Snatch” foi um diamante e, agora, é um quadro) seja um McGuffin, não existe um enredo bom o bastante que se desenvolva em torno da “fórmula Ritchie do filme cool” – que inclui ainda truques de câmera já manjados, com utilização contínua de chicotes e enquadramentos obtusos.
Pelo menos, o personagem de Gerard Butler diverte: ele se auto-ironiza, praticamente numa piada com a homoerotização de “300”. Por outro lado, o grande Tom Wilkinson, que quase sempre faz o menor dos papéis ganhar destaque, desta vez parece estar no piloto automático.
Não foi com “Destino Insólito” e o ainda inédito no Brasil “Revolver” (que são bons filmes, vitimados pela falsa expectativa de que seriam novos “filmes de Guy Ritchie”), que o diretor enterrou sua carreira. Para quem havia experimentado esse duplo fracasso junto a público e crítica, com “RocknRolla” o cineasta escolheu o caminho mais fácil para conseguir emprego em Hollywood. Talvez ele se torne bem sucedido comercialmente daqui em diante. Porém, a nuvem negra agora paira é sobre seu futuro criativo.
direção: Guy Ritchie; com: Gerard Butler, Idris Elba, Tom Hardy, Thandie Newton, Jeremy Piven, Mark Strong, Karel Roden, Tom Wilkinson; roteiro: Guy Ritchie; produção: Guy Ritchie, Joel Silver, Steve Clark-Hall, Susan Downey; fotografia: David Higgs; montagem: James Herbert; música: Steve Isles; estúdio: Dark Castle Entertainment, Toff Guy Films; distribuição: Warner Bros. 114 min