“Caos Calmo” parece uma mistura de Daniel Burman (cineasta da nova geração argentina e responsável pela trilogia não declarada “O Abraço Partido”, “As Leis de Família” e “Ninho Vazio”) com Nick Hornby (autor dos livros “Alta Fidelidade”, “Um Grande Garoto”, “Como Ser Legal” etc.). Essa comparação está no modo como a narrativa é centrada na percepção do protagonista diante de um problema ligado à família. No caso, como pai e filha lidam com a perda da esposa/mãe, que perde a vida subitamente.
O filme fala sobre morte e luto, mas Moretti (co-autor do roteiro, adaptado do livro de Sandro Veronesi) trabalha de uma forma calorosa, sem que se perca na carga emotiva. Esta surge sem exageros, e é muito bem executada por Moretti em frente à câmera. Há um humor ali bem sincero, de coisas cotidianas, algo que Burman faz com uma facilidade ímpar. O lado Hornby do filme fica por conta também das referências pop nos diálogos e da trilha sonora, que traz canções de Rufus Wainwright, Radiohead e Stars. Um bonito filme. nota: 7/10 — vale a locação
Caos Calmo (2008, Itália/Reino Unido)
direção: Antonio Luigi Grimaldi; roteiro: Nanni Moretti, Laura Paolucci, Francesco Piccolo; fotografia: Alessandro Pesci; montagem: Angelo Nicolini; música: Paolo Buonvino; com: Nanni Moretti, Valeria Golino, Alessandro Gassman, Isabella Ferrari, Blu Di Martino; distribuição: Imovision. 107 min
Editor-chefe e criador do Cinematório. Jornalista profissional, mestre em Cinema pela Escola de Belas Artes da UFMG e crítico filiado à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e à Fipresci (Federação Internacional de Críticos de Cinema). Também integra a equipe de Jornalismo da Rádio Inconfidência, onde apresenta semanalmente o programa Cinefonia. Votante internacional do Globo de Ouro.