Sem conhecer toda a obra do cineasta, minha reação frente a “Vocês, os Vivos” foi de certa confusão, uma vez que é difícil dizer até mesmo se este é um filme de fato. Trata-se de uma coletânea de situações cotidianas que beiram o nonsense e têm em comum um tom de “melancomédia”.
É um longa muito bem fotografado, em que a câmera permanece estática em enquadramentos de composição rígida, mas é difícil de ser apreciado linearmente. É como se Wes Anderson (posso sentir o arrepio na espinha de alguns) dirigisse um monte de vinhetas com seus personagens excêntricos em situações bizarras, mas que de alguma forma consegue ter uma beleza sensorial, além de estética.
Tedioso em diversos segmentos, hilariante em outros e simplesmente inócuo às vezes, é um filme em que personagens cruzam seus caminhos num estranho simulacro da vida, onde somos levados a rir da desgraça alheia – mais num ato de compaixão do que de deboche. Há, de certa forma, um objetivo de refletir sobre o sofrimento. Nesse sentido, o filme de Andersson se sai bem melhor do que “Crash – No Limite”, por exemplo.
direção: Roy Andersson; roteiro: Roy Andersson; fotografia: Gustav Danielsson; montagem: Anna Märta Waern; música: Benny Andersson; produção: Pernilla Sandström; com: Jessika Lundberg, Elisabeth Helander, Björn Englund, Leif Larsson, Olle Olson, Birgitta Persson, Kemal Sener, Håkan Angser, Rolf Engström, Gunnar Ivarsson, Patrik Anders Edgren; estúdio: Posthus Teatret, Roy Andersson Filmproduktion, Svenska Filminstitutet; distribuição: Filmes da Mostra. 95 min