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Estrelado por Tom Cruise – que em fevereiro deste ano veio ao Brasil para divulgar o filme, você deve se lembrar – “Operação Valquíria” gira em torno de uma tentativa de assassinato contra Adolph Hitler, organizada por oficiais nazistas renegados. O esquema armado pelo grupo envolve um plano de emergência batizado por Hitler como “Valquíria” justamente porque a ópera de Wagner era adorada pelo ditador. Para você ter uma idéia, em certo momento no filme, o Führer chega a dizer que “para entender o Nacional-Socialismo, é preciso entender Wagner”.
Reza a lenda também que a “Cavalgada das Valquírias” foi tocada nos rádios-comunicadores de tanques de guerra nazistas, pouco antes de eles iniciarem um ataque. Um episódio que provavelmente inspirou o diretor Francis Ford Coppola a criar uma das cenas mais memoráveis de todos os tempos, no clássico “Apocalypse Now”, de 1979. Foi neste filme que a música foi eternizada no cinema e se tornou referência absoluta na cultura popular, graças ao momento em que o personagem de Robert Duvall ordena um ataque de helicópteros a uma vila vietnamita. A trilha sonora da carnificina promovida pelo exército americano é justamente a “Cavalgada”, que toca nos alto-falantes das aeronaves para, cinicamente, “inspirar” os soldados.
“Apocalypse Now” é o filme mais marcante que utiliza a música de Wagner, mas a história dessa poderosa composição no cinema começa bem antes. Já em 1915, ela podia ser ouvida no clímax de “O Nascimento de uma Nação”, filme seminal e controverso de D.W. Griffith, considerado um dos pioneiros da linguagem cinematográfica. Mais uma vez, a “Cavalgada” é utilizada no contexto de uma guerra. O que faz sentido, se você analisar a origem do título da ópera.
Na mitologia nórdica, as Valquírias são figuras femininas que conduzem os mortos em batalha para o salão de Valhalla, local onde os guerreiros honrados são recebidos pelos deuses. Portanto, há um significado especial para o uso da música em tantos filmes de guerra. Outros que podemos citar são “Soldado Anônimo” e “O Senhor das Armas”.
Mas filmes de outros gêneros também já aproveitaram a obra de Wagner, como a comédia “Os Irmãos Cara de Pau” e o clássico de Federico Fellini, “8 e meio”, sem falar no recente “Watchmen“, em que a “Cavalgada” surge exatamente em uma cena que faz referência a “Apocalypse Now”.
Editor-chefe e criador do Cinematório. Jornalista profissional, mestre em Cinema pela Escola de Belas Artes da UFMG e crítico filiado à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e à Fipresci (Federação Internacional de Críticos de Cinema). Também integra a equipe de Jornalismo da Rádio Inconfidência, onde apresenta semanalmente o programa Cinefonia. Votante internacional do Globo de Ouro.