CENA 1 Após ser preso, Dillinger é apresentado à imprensa na delegacia. Os repórteres o tratam como uma celebridade e até pedem para que ele faça pose para fotos. Repare na diferença de tom na atuação de Oates em relação a Johnny Depp. Oates faz um Dillinger mais cheio de si, irônico, enquanto Depp constrói o personagem como um anti-herói trágico.
CENA 2 A emboscada preparada por Purvis e seus homens na estalagem de campo, onde a gangue de Dillinger se escondia, resulta em um intenso tiroteio, que culmina com uma perseguição de carros. Enquanto em “Inimigos Públicos” a ação é noturna, aqui tudo acontece à luz do dia. E Milius não fica devendo nada a Mann no que diz respeito à ação e a elaboração dos planos – o último, ao fim da perseguição, não só se destaca pelo enquadramento, como ainda traz uma pincelada de humor negro inusitada. A sequência selecionada é longa, mas fascinante. É possível também perceber um pouco da forma como Milius trabalha a relação entre Dillinger e Billie.
CENA 3 O fim de Dillinger em frente ao Biograph Theatre não tem, no filme de 1973, a mesma pompa de “Inimigos Públicos”. Mann vai ao interior do cinema e cria uma das mais belas cenas quando coloca Dillinger frente-a-frente com Clark Cable, que está na tela dentro da tela. Já Milius se concentra na ação policial e na vitória de Purvis.
O filme pode ser encontrado em DVD no Brasil.
Editor-chefe e criador do Cinematório. Jornalista profissional, mestre em Cinema pela Escola de Belas Artes da UFMG e crítico filiado à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e à Fipresci (Federação Internacional de Críticos de Cinema). Também integra a equipe de Jornalismo da Rádio Inconfidência, onde apresenta semanalmente o programa Cinefonia. Votante internacional do Globo de Ouro.