Não ia escrever sobre a morte de Lynn Redgrave. Na verdade, não acompanhei a carreira da atriz. Não vi “Georgy Girl”, seu primeiro papel de expressão. Até assisti a “Shine: Brilhante”. Mas o filme não é lá dos meus preferidos. Só comecei a prestar atenção em Lynn Redgrave com “Deuses e Monstros”. No longa de Bill Condon (a última aquisição da saga “Crepúsculo”) que explora os últimos dias do diretor James Whale, a atriz interpretou sua fiel e meio rabugenta governanta. Ainda me pergunto como Redgrave perdeu o Oscar para Judi Dench, por sua afetada atuação em “Shakespeare Apaixonado”.
Não ia escrever sobre a morte de Lynn Redgrave. Resolvi fazê-lo depois de alguns desdobramentos na web. Logo após a morte da atriz, alguém desencavou um ensaio fotográfico dela. Quando Redgrave descobriu o câncer de mama, pediu para sua filha, então estudante de fotografia, para registrar seu tratamento através de imagens enquanto a atriz o registrava através de palavras. O resultado está aqui. É triste. Mesmo em suas fotos mais alegres.
Mas como o que importa aqui é o cinema, falo agora o grande motivo para escrever este post. Bill Condon conseguiu, pela segunda vez, uma atuação sensacional de Lynn Redgrave. Não que ela não fosse capaz com qualquer outro diretor. Mas em “Kinsey: Vamos Falar Sobre Sexo”, fiquei impressionado. Porque, na verdade, tenho uma queda por atuações que se destacam com poucos minutos ou pouquíssimas cenas. Algo como Viola Davis fez em “Dúvida” ou Willian Hurt fez em “Marcas da Violência”. Lynn Redgrave fez em “Kinsey”. Em pouco mais de dois minutos ela conseguiu mostrar uma construção de personagem que muitos atores não alcançam nem com um filme inteiro. Quando a assisti, longo pensei que seria um dos grandes momentos de atuação da década. Pode parecer exagero, mas ainda acho. E, com a morte da atriz, alguém lembrou da cena e a postou no YouTube. Só para avisar, ela está no final de “Kinsey”. Fiquem agora com uma verdadeira atuação.