Gena Rowlands como Mabel Longhetti em “Uma Mulher Sob Influência” (1974).
No ano passado, a revista Premiere organizou uma lista com 40 mães memoráveis de todos os tempos no cinema. A campeã foi a atriz Melinda Dillon, que interpreta a matriarca da família Parker em “Uma História de Natal”, de 1983, aquele popular filme-natalino-para-ser-visto-em-família. Mas estão na lista também personagens inesquecíveis como Lorraine McFly, papel de Lea Thompson em “De Volta Para o Futuro”; Mollie Jensen, interpretada por Kirstie Alley em “Olha Quem Está Falando”; a Dorothy de Renée Zellwegger em “Jerry Maguire – A Grande Virada”; e ainda são mencionadas Diane Keaton em “Presente de Grego”; Meryl Streep em “Mamma Mia” e até mesmo a Alien Rainha de “Aliens – O Resgate”.
Em homenagem ao Dia das Mães, relembro outras grandes mães já retratadas na telona e que não entraram na lista da Premiere. Começo por um filme que já é uma homenagem: “Tudo Sobre Minha Mãe”, de Pedro Almodóvar. Considerado um dos melhores trabalhos do cineasta espanhol, o longa gira em torno de uma mãe solteira que perde o único filho em um acidente quando ele tentava conseguir um autógrafo de sua atriz favorita. Cecília Roth faz a protagonista e inicia uma amizade com o ídolo do filho, papel de Marisa Paredes, e ainda conhece uma freira que está grávida, personagem de Penélope Cruz. É a relação entre essas mulheres que dá a tônica emotiva da narrativa. Almodóvar dedicou o filme não apenas à sua mãe, mas também àquelas que possivelmente são suas mães cinematográficas: as atrizes Bette Davis, Romy Schneider e Gena Rowlands.
Gena Rowlands. Ela que estrelou vários filmes dirigidos por seu marido, o ator e cineasta John Cassavetes. Um dos trabalhos mais contundentes dessa parceria é “Uma Mulher Sob Influência”, de 1974, onde a personagem de Gena enfrenta sérios distúrbios de comportamento que levam seu marido (papel de Peter Falk) a interná-la em um hospital psiquiátrico. É um dos filmes mais duros e cruéis – emotivamente falando – no retrato da loucura e a forma como a rotina de uma família é afetada pela doença. Um clássico do cinema independente e um clássico de todos os tempos.
Catherine Scorsese vive a mãe de Joe Pesci em “Os Bons Companheiros” (1990).
Outra relação entre mãe e filho que vai além da relação entre narrador e personagem é a de Martin Scorsese com sua mãe. O amor do cineasta pela arte é evidente em todos os seus filmes, então não é de se espantar o fato de ele ter levado uma parte tão fundamental de sua vida pessoal para a tela. Scorsese sempre costumava escalar os pais em pequenos papéis e sua mãe, Catherine Scorsese, geralmente ganhava falas. Ela tem destaque em alguns dos melhores trabalhos do diretor, como “Os Bons Companheiros”, “Cassino” e “O Rei da Comédia”, sempre vivendo a mãe de um dos personagens da trama. E ainda consta no IMDb que, no set, ela costumava cozinhar para o elenco e para a equipe. A mãe de Scorsese morreu em 1997, vítima de Alzheimer, e o filho dedicou “Kundun”, lançado naquele ano, à sua memória. E vale lembrar ainda que Scorsese dirigiu, em 1974, “Alice Não Mora Mais Aqui”, em que Ellen Burstyn vive uma mãe para lá de batalhadora.
Guerreira, protetora, dedicada, caridosa, incondicionalmente amorosa: mais que papéis, são virtudes que todas essas mães representam. Para fechar essa pequena homenagem do cinematório, deixo uma galeria de mais grandes e inesquecíveis mães do cinema. Lembrou de mais alguma? Deixe um comentário.
Fica aqui o nosso Feliz Dia das Mães para todos os leitores.
Sally Field é a Sra. Gump em “Forrest Gump – O Contador de Histórias” (1994).
Julia Roberts em “Erin Brockovich – Uma Mulher de Talento” (2000).
Angelina Jolie é a incansável Christine Collins de “A Troca” (2008).
Helen Hunt e sua Carol Connelly de “Melhor é Impossível” (1997).
Susan Sarandon, a Mamãe Racer – “Speed Racer” (2008). Das várias mães que ela já viveu, destaca-se ainda a Adele August de “Em Qualquer Outro Lugar” (1999).
A Beatrix Kiddo de Uma Thurman – “Kill Bill” (2003). Literalmente lutando para recuperar sua cria.
Melissa Leo e Misty Upham – “Rio Congelado” (2008). Também não poupam esforços por seus filhos.
Ellen Burstyn como Alice Hyatt em “Alice Não Mora Mais Aqui” (1974).
Cecilia Roth é Manuela e Penélope Cruz é Rosa – “Tudo Sobre Minha Mãe” (1999).
Norma Bates – “Psicose” (1960). Como esquecê-la?
E não podia faltar Pernilla August, a Shmi Skywalker de “Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma” (1999). Nada mais, nada menos do que a mãe de Darth Vader. E já que estamos aqui, não podemos deixar de pelo menos citar Padmé Amidala, que afinal de contas é mãe de Luke e Leia.
Editor-chefe e criador do Cinematório. Jornalista profissional, mestre em Cinema pela Escola de Belas Artes da UFMG e crítico filiado à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e à Fipresci (Federação Internacional de Críticos de Cinema). Também integra a equipe de Jornalismo da Rádio Inconfidência, onde apresenta semanalmente o programa Cinefonia. Votante internacional do Globo de Ouro.