Não é um filme ruim. Longe disso. Solondz retoma seus personagens de “Felicidade”, mas com novos atores, e faz, como sempre, um retrato sagaz, engraçado e exagerado da classe média americana. É impossível não rir de alguns diálogos desconfortávels de “A Vida Durante a Guerra”, algo que o diretor sempre fez bem. Solondz não é um artista da imagem. É um artista do texto. Mas não existe frescor neste texto. É uma reunião das já conhecidas críticas da paranóia americana, a obsessão por vencer, o medo e a impossibilidade de ser autêntico. E o fato do filme parecer um monte de esquetes reunidas não ajuda no resultado final.
“A Vida Durante a Guerra” me parece raso, óbvio. Imaturo. Sabe aquela pessoa que tem uma convicção forte em relação a alguma coisa qualquer e tenta passar para frente o que acredita, de forma quase irritante, através de exemplos óbvios, que nunca se aprofundam? É com essa sensação que saí do cinema.
A Vida Durante a Guerra (Life During Wartime, EUA, 2010)
direção: Todd Solondz; roteiro: Todd Solondz; fotografia: Edward Lachman; montagem: Kevin Messman; música: Doug Bernheim; com: Ally Sheedy , Shirley Henderson, Michael K. Williams, Allison Janney, Michael Lerner, Dylan Riley Snyder, Ciarán Hinds, Renée Taylor, Paul Reubens, Charlotte Rampling. 98 min