Existe uma razão para a história da Chapeuzinho Vermelho funcionar: ela é uma história infantil. Portanto, quanto alguém em Hollywood tem a ideia de transformar um conto de fadas em um suspense, é de se esperar que não saia boa coisa.
E não saiu mesmo: “A Garota da Capa Vermelha”, que está em cartaz nos cinemas da cidade, tenta transformar os personagens popularizados pelos irmãos Grimm em protagonistas de um filme que mistura terror e romance, bem ao gosto da geração de fãs da saga “Crepúsculo”. E não é de se espantar que este seja o tom do longa-metragem já que a diretora é Catherine Hardwicke, responsável pelo primeiro filme da história de Bela e seus vampiros e lobisomens descamisados.
Em “A Garota da Capa Vermelha” tudo dá errado, mas o que torna o filme realmente constrangedor é a forma forçada com que elementos conhecidos do conto infantil são inseridos no longa, como o diálogo entre Chapeuzinho e o Lobo disfarçado de vovozinha.
Hollywood vive atualmente uma de suas mais graves crises de criatividade. É como se os produtores e roteiristas não estivesem contentes em estragar suas próprias idéias: querem também acabar com as idéias dos outros. Tudo o que pedimos é que, pelo menos, deixem a nossa infância em paz.
http://www.youtube.com/watch?v=QaS6wMQOiNk&feature=related
Editor-chefe e criador do Cinematório. Jornalista profissional, mestre em Cinema pela Escola de Belas Artes da UFMG e crítico filiado à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e à Fipresci (Federação Internacional de Críticos de Cinema). Também integra a equipe de Jornalismo da Rádio Inconfidência, onde apresenta semanalmente o programa Cinefonia. Votante internacional do Globo de Ouro.