Não importa ter Colin Farrell, Toni Collete, Anton Yelchin e Christopher Mintz-Plasse no elenco. Muito menos ser dirigido por Craig Gillespie, realizador do bacaníssimo “Lars and The Real Girl”. É um filme de vampiro, e só isso basta. Sou só eu ou é uma interpretação possível para este trailer? Trata-se também de uma refilmagem, menos arriscada se comparada à “Straw Dogs”, entretanto. Afinal, “Hora do Espanto” é ótimo, mas é isso, apenas um filmaço muito divertido. Não existe uma assinatura de Sam Peckinpah que torna qualquer refilmagem um pouco duvidosa. A falta de identificação do trailer é estranha. No começo, parece tratar de uma comédia, depois passa para um pesado terror e finaliza como um movimentado longa de ação.
QUERO MATAR MEU CHEFE (HORRIBLE BOSSES), dirigido por Seth Gordon
Taí um exemplo de trailer bem-sucedido, “publicitariamente” falando. A história está clara (três amigos querem matar seus respectivos chefes), o tom está claro, os personagens estão claros. É interessante como o trailer mostra como um trunfo o uso de atores famosos (Kevin Spacey, Jennifer Aniston e Colin Farrell) em papéis inesperados. Mas também há espaço para rostos menos conhecidos (não tanto o caso de Jason Bateman, mas de Charlie Day e Jason Sudeikis). Mostra que existe um respeito pela comédia. O trailer deixa claro a utilização de uma fórmula de sucesso em um novo contexto, ou seja, a história dos “três amigos em uma encrenca”, muito bem usada em “Se Beber, Não Case!”, volta aqui com doses mais altas de humor negro. Quem já teve acesso ao roteiro, fala que é uma comédia promissora. E que o personagem de Jamie Foxx seria um dos mais hilários. A sua curta aparição na prévia não deixa de ser estranha.
Filmes, sejam de arte ou blockbusters, estão aí para serem assistidos. Óbvio que um buscará atrair o máximo possível de espectadores. O outro tentará fisgar um nicho mais específico de público. E, com isso, a forma de publicidade através do trailer é diferenciada. O de “Michael” é o caso de um trailer poderosíssimo que, como era de se esperar, foge completamente dos padrões hollywoodianos de marketing cinematográfico. Enquanto as prévias de filmes pipoca trabalham com o peso de seus protagonistas, sequências aceleradas, edição desenfreada e temas da moda, o de “Michael” trabalha com a sensação. É um filme austríaco que está em Cannes e tem a pedofilia como o tema central. A prévia nunca deixa o assunto muito claro, mas a sensação de “alguma coisa está errada” se torna constante a partir do segundo 50, quando a cortina é fechada. Daí, inicia uma série de sugestões que tornam o clima tenso (a arrumação da mesa e os diferentes copos utilizados é uma solução audiovisual muito eficaz). O poder da sugestão, entretanto, pode diminuir em duas horas de filme se não existir uma narrativa consistente que o sustente. Mas, enfim, é um trailer, como disse, poderoso.
O tema da comédia “The Change-Up” é mais batido do que uma continuação de “Jogos Mortais”. Personagens de personalidades diferentes trocam de corpo e um é obrigado a viver a vida do outro. O tema apenas não atrairia muita gente. Portanto, o trailer trabalha com o pedigree da proução: é do diretor de “Penetras Bons de Bico” e dos roteiristas de “Se Beber, Não Case!”. Isso, na cabeça dos produtores, seria garantia de boa comédia e o suficiente para fascinar o público. Pode até ser. Mas o trailer peca em não deixar clara a alma do negócio. Um dos grandes trunfos desse tipo de comédia são as atuações. “Se Eu Fosse Você” é um filme cheio de problemas, mas funciona porque é engraçado ver Tony Ramos com tiques femininos e Glórias Pires dando uma de machão. “Sexta-Feira Muito Louca” é um filme acima da média pelo ótimo trabalho de Jamie Lee Curtis na personalidade da personagem de Lindsay Lohan. No trailer de “The Change-Up”, a troca de corpos só é identificada por questões externas às interpretações. O que tira muito do charme.
Assim como o trailer de “The Future”, o de “La Piel que Habito” tenta seduzir através de sua assinatura: é um filme de Pedro Almodóvar. Mas há um detalhe a mais. Diferente de July, Almodóvar é cineasta há mais de 30 anos. Sua obra já foi pesquisada e discutida. O diretor espanhol transita por todos os gêneros sem se apegar às regras. Existe uma profundidade almodovariana em suas tentativas de brincar, questionar ou discutir o gênero. Temos no teaser de “La Piel Que Habito”, então, uma sensação de que uma obra voltada para o bizarro está por vir. Desde a imagem de um corpo feminino deitado e enfaixado até a mesma mulher mascarada que ameaça se matar e terminar com o brinquedo do personagem interpretado por Antonio Banderas. Então, se no trailer de “The Future” existe a assinatura de July, mas sem surpresas para quem espera um filme de Miranda July, no teaser de “La Piel Que Habito” identifica-se o universo almodovariano, mas existe um twist, que o torna muito interessante.
Uma matéria da revista New Yorker levanta a seguinte questão: ninguém vai mais ao cinema por causa do estúdio. Eu não vou assistir um filme por ser da MGM ou da FOX. O único com esse poder de atração é a Pixar. Dessa forma, “Carros 2” é muito bem identificado como um filme da Pixar e da Disney, outro nome que chama a atenção. Eu, particularmente, não gosto do trailer, mas o entendo. Começa bem, com uma brincadeira com os filmes de espionagem, depois segue para uma sequência de cenas engraçadinhas ou aceleradas e não dá muita informação sobre o que se trata. E, normalmente, os filmes da Pixar são superiores por lidar com temas densos e poderosos de uma forma acessível e divertida. Acredito ser este o caso também. Talvez não fosse possível passar tal abordagem em um trailer. E no fim das contas, o nome Pixar já fala por si só. E o fato de todos já conhecerem os personagens ajuda a falta de um enredo identificável.
Um filme sobre esportes quase sempre, no cinemão hollywoodiano, significa chegar a níves estratosféricos de previsibilidade. Porém, para o público que deseja atingir o trailer de “Gigantes de Aço” é quase infalível. É a história de um lutador de boxe que cai no ostracismo quando robôs passam a substituir humanos no esporte. O filho, fascinado pelo pai e sua trajetória no esporte, pressiona-o a ensiná-lo. Iniciam uma saga para treinar um robô mais modesto, porém, claro, com um grande coração. Enfim, aquela coisa que a gente já sabe no que vai dar. O trailer deixa muito clara a mistura entre “Rocky” e “Transformers”. Estão lá as cenas de ação, os efeitos especiais, a criança espertona, o filme de superação, todos os ingredientes de um filme família bem-sucedido nas bilheterias. A previsibilidade do longa é jogada na nossa cara. Mas possivelmente quem vai assistí-lo não espera ser surpreendido. A confiança no filme é grande, afinal, a Dreamworks já encomendou uma continuação.