Em “A Árvore da Vida”, Terrence Malick novamente se embrenha na natureza, e de uma maneira muito mais radical do que em seu filme anterior, “O Novo Mundo”, onde a relação do homem com a água, a terra, a vegetação, o ar é parte fundamental para a compreensão do que o cineasta está dizendo.
Malick novamente subverte a montagem tradicional. Sua narrativa é quebrada, mas ao mesmo tempo não deixa de ser linear. Se em “2001: Uma Odisséia no Espaço” Stanley Kubrick catapulta o homem da pré-história direto para uma estação espacial milhares de anos no futuro, aqui Malick não teme levar o espectador de volta à criação do universo, num passeio hipnotizante em nosso passado mais básico, capaz de deixar a plateia flutuando.
Mais uma vez, como em outros dos filmes de Malick, você é colocado diante de ideias e reflexões em forma de imagens, aparentemente desconexas. E há uma história sendo contada, por mais que não pareça.
Muito mais do que um filme, “A Árvore da Vida” é um estado de espírito. Veja e reveja. Cinema assim não se tem todo dia.
Editor-chefe e criador do Cinematório. Jornalista profissional, mestre em Cinema pela Escola de Belas Artes da UFMG e crítico filiado à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e à Fipresci (Federação Internacional de Críticos de Cinema). Também integra a equipe de Jornalismo da Rádio Inconfidência, onde apresenta semanalmente o programa Cinefonia. Votante internacional do Globo de Ouro.