No entanto, com “Lanterna Verde” a DC mostra que não conseguiu se livrar da maldição que, há mais de três décadas, parece prender os filmes de seus heróis às aventuras do Batman e do Superman. “Lanterna Verde” tenta contar a história da origem do personagem da forma mais didática possível, com direito à narração em off no começo. No entanto, ao desenvolver a narrativa, o filme é capaz de confundir o espectador menos atento em meio às idas e vindas das ações paralelas que ocorrem na Terra e no Espaço Sideral. Problema básico de montagem que corta de uma cena para outra sem fazer uma coesão mais natural entre os eventos.
Se o maior problema de “Lanterna Verde” é ser mal organizado, seu maior mérito é mergulhar de cabeça no espírito de revista em quadrinhos, sem em nenhum momento tentar fazer uma abordagem mais realista, como se tornou hábito nos filmes de super-heróis pós-“X-Men”. O diretor Martin Campbell não faz concessões no uso de criaturas alienígenas das mais bizarras, transformando o filme quase numa animação em alguns momentos. Até mesmo a caracterização do vilão principal desafia com louvor a razão.
Destaca-se nesse aspecto também o uso dos poderes especiais do Lanterna, interpretado pelo ator Ryan Reynolds, que já se aventurou antes nos filmes de super-heróis “Blade: Trinity” e “X-Men Origens: Wolverine”. Porém, aí Reynolds encontra espaço para usar sua forte veia cômica, o que acaba por tornar o Lanterna Verde mais parecido com “O Máscara”, também um personagem de revista em quadrinhos. E comédia por comédia, é melhor ficar com o filme de Jim Carrey mesmo, que é mais bem sucedido em sua proposta: ser apenas engraçado.