O diretor norueguês Bent Hamer estreou no cinema em 1995 com a comédia “Eggs”, inédita no Brasil. Foi somente dez anos depois que o cineasta passou a ser mais notado por aqui, quando chegou às telas “Factotum”, um sólido e bem fotografado drama baseado na obra de Charles Bukowski, com Matt Dillon no elenco. Em 2007, com o admirável “Caro Sr. Horten”, ele conseguiu de vez a minha atenção. E agora, aproveitando a época natalina, chega aos cinemas brasileiros (com atraso de um ano, diga-se de passagem) o mais recente filme de Hamer, “Em Casa Para o Natal”, que novamente não decepciona.
Reunindo uma série de pequenas histórias, o longa funciona como uma antologia, mas sem que os personagens entrem uns nas tramas dos outros. Como em todo filme desse tipo, alguns enredos funcionam, outros nem tanto. Mas o bom humor, pontuado por um sarcasmo bastante característico dos outros filmes do diretor, faz com que o resultado seja, senão positivo, ao menos satisfatório. Isso porque Hamer não vacila em seu senso estético, explorando bem os enquadramentos e sendo econômico na movimentação da câmera, o que é sempre bem-vindo.
“Em Casa Para o Natal” ainda mantém no mesmo tom a resolução das histórias que conta: sem forçar para que exista um final feliz, o filme consegue dar um desfecho que não é fantasioso para cada personagem, mas que faz perdurar certa aura típica dos filmes natalinos. É uma compilação tragicômica de histórias que não são nada irreais. ■