Ícone do site cinematório

Star Wars 3D

A volta dos filmes 3D aos cinemas está correspondendo às expectativas dos estúdios. Prova disso é que a oferta de lançamentos no formato já apresentou alta para 2012 em relação ao ano passado. De acordo com o boletim FILME B, além dos quatro filmes 3D que já entraram em cartaz em janeiro no país, mais 36 estão programados até o fim de dezembro. A soma já supera o total de 38 filmes 3D lançados em 2011.Por um lado, o levantamento mostra que aumentou também o número de filmes realmente feitos em 3D, e não meramente convertidos para o formato – uma prática recorrente dos estúdios nos dois últimos anos. Por outro, temos uma ampliação também dos filmes antigos que estão sendo convertidos e relançados nos cinemas. Já tivemos “A Bela e a Fera” recentemente, seguindo o exemplo de “O Rei Leão”, e, agora, temos “Star Wars: Episódio I”, que será seguido por “Titanic” e “Procurando Nemo” nos próximos meses.

 

Sem dúvida, o relançamento de grandes sucessos representa uma oportunidade para quem conheceu os filmes na TV poder revê-los na telona do cinema. No entanto, essas pessoas verão uma versão adulterada, já que esses filmes não foram feitos para serem vistos em 3D em primeiro lugar. Trata-se, portanto, apenas de uma estratégia caça-níqueis dos estúdios.

 

Se o 3D de “O Rei Leão” já havia mostrado a grande picaretagem da estratégia (sem falar na incoerência artística, uma vez que trata-se de uma animação tradicional), o 3D de “Star Wars: Episódio I” não fica atrás. Não dá nem para usar o termo “decepção”, porque, afinal, nunca houve algo bom de se esperar disso. No entanto, o trabalho feito pela Lucasfilm se mostra tão preguiçoso, que até cenas em que 99,9% dos elementos foram feitos com CGI não oferecem sensação de profundidade alguma.

 

O melhor teste para identificar uma conversão 3D mal feita é tirar os óculos 3D por alguns segundos. Faça isso com “Star Wars” e perceba como há cenas totalmente planas. O que a Lucasfilm fez, basicamente, foi apenas “recortar” os planos de modo a colocá-los um atrás do outro, quase num sentido literal mesmo de três dimensões: você tem, por exemplo, dois personagens conversando na frente; logo atrás, estão outras pessoas que os acompanham; e, por fim, temos o fundo. Outra situação: em uma casa, vemos, no primeiro plano, o arco de passagem de um aposento para outro; no segundo, estão os personagens em pé; e, no terceiro, estão os objetos de uma prateleira e um armário encostados na parede.

 

Num filme 3D genuíno, essa lógica seria a mesma, com a grande diferença de que você não conseguiria enxergar a separação entre as três dimensões. Elas seriam apresentadas de maneira mais natural, pois a ideia é fazer com que você veja (ou sinta que está vendo) o que está na tela da mesma forma como você vê as coisas que estão na sua frente, no dia a dia. Já em “Star Wars” e outros filmes convertidos, a sensação que temos é mais parecida com esta:

Acredito que os episódios II e III poderão se beneficiar um pouco mais da conversão porque foram todos filmados em digital (“A Ameaça Fantasma” foi feito em 35mm). Mas imagine a trilogia clássica? Teremos provavelmente esse mesmo efeito de livro pop-up ainda mais evidenciado.A ideia de George Lucas é relançar os seis episódios de “Star Wars” em 3D, um a cada ano. Tudo bem que já se passaram mais de 10 anos desde que “Episódio I” estreou nos cinemas e muitas crianças não tiveram a chance de ver o filme no cinema. Então, por que não relançar apenas, sem a conversão em 3D? A resposta é simples: os ingressos das salas 3D são mais caros. Portanto, as chances de lucro extra são automaticamente maximizadas. Sem falar que “O Retorno de Jedi” chegará às telas em 3D em 2017 – exatamente no ano em que o filme original completa 40 anos e, certamente, haverá o lançamento de um novo box de Blu-rays, agora com as versões 3D.Tomara que diretores como Martin Scorsese, Ridley Scott, Ang Lee, Peter Jackson e Alfonso Cuarón, que decidiram fazer filmes em 3D genuíno, mostrem que o formato é mais que uma mera desculpa para fazer dinheiro fácil. De outra forma, estaremos sempre nesse círculo vicioso de relançamentos que os estúdios não farão questão nenhuma de interromper.

Sair da versão mobile