Da assessoria de imprensa do Telecine:
Atenção para essa parte: “É dela (classe AB) a maior participação na audiência do canal, com 53%”.
Ou seja, o papo de que o “povão” é que prefere filme dublado não pode ser considerado na discussão.
Há de se levar em conta ainda que a maior parcela do público de cinema certamente é formada por membros de classe AB.
Dublagem é ruim. Deturpa a obra original. Mas não sou a favor da extinção do filme dublado, de forma alguma. Há o fator sócio-econômico que deve ser considerado. E quanto às crianças que ainda não conseguem acompanhar a velocidade das legendas?
O problema ao meu ver é que a visão de mercado dos estúdios tem prevalecido. A culpa do crescimento dos filmes dublados não é exclusiva do público que “não quer ler”. É também dos estúdios que se baseiam na lei de oferta e demanda e, assim, colaboram para a formação desse público. Parecem confiar cegamente em estatísticas e irresponsavelmente estimulam a preguiça.
Editor-chefe e criador do Cinematório. Jornalista profissional, mestre em Cinema pela Escola de Belas Artes da UFMG e crítico filiado à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e à Fipresci (Federação Internacional de Críticos de Cinema). Também integra a equipe de Jornalismo da Rádio Inconfidência, onde apresenta semanalmente o programa Cinefonia. Votante internacional do Globo de Ouro.