Quem é Monsieur Oscar, o protagonista de “Holy Motors”? Ou colocando de outra forma: ele é o protagonista do que exatamente?
O diretor Leos Carax criou uma fábula surrealista, daquelas em que o espectador é deixado com muitas dúvidas e praticamente nenhuma resposta. Estamos diante de um filme em que não se pode distinguir realidade de ficção, quanto mais ficção de ficção.
O ator Denis Lavant é o intérprete do Monsieur Oscar, um homem que conhecemos como um milionário e do qual nos despedimos como uma pessoa totalmente diferente. Entre uma personalidade ou personagem e outro, Oscar passa pelas mais diversas e inimagináveis transformações. Você é levado a acreditar que ele é um ator na maior parte do tempo, mas diversas cenas derrubam essa possível explicação para a metamorfose a que ele é submetido a cada “encontro” que tem durante o dia, indo de um para o outro a bordo de sua limusine branca.
Buscar qualquer explicação ou tentar “entender” o filme é ir contra a sua proposta, aliás. “Holy Motors” é um filme em que o espectador não deve fazer concessões para apreciar, da mesma forma como o diretor se entrega sem pudor a essa viagem repleta de sentidos, alguns surgindo em direção francamente oposta a de outros. ■
[A ideia do Corte Rápido é fazer um comentário simples, seja uma primeira impressão sobre um lançamento, seja uma breve reflexão sobre um filme revisto recentemente.]
Editor-chefe e criador do Cinematório. Jornalista profissional, mestre em Cinema pela Escola de Belas Artes da UFMG e crítico filiado à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e à Fipresci (Federação Internacional de Críticos de Cinema). Também integra a equipe de Jornalismo da Rádio Inconfidência, onde apresenta semanalmente o programa Cinefonia. Votante internacional do Globo de Ouro.