O tsunami que arrasou a costa do Oceano Índico em 2004 é o pano de fundo para uma história de esperança e superação em “O Impossível”. Dirigido pelo espanhol Juan Antonio Bayona, de “O Orfanato”, o longa traz Ewan McGregor e Naomi Watts como um casal que passa as férias em um resort com os filhos quando o desastre acontece e, não só os separa, como os deixa à beira da morte.
“O Impossível” não é um filme-catástrofe, como tantos que Hollywood já produziu e que simularam como seria uma destruição em massa provocada por um tsunami. O momento do desastre é recriado aqui também, mas o diretor evita o espetáculo só pelos efeitos especiais e foca na dor física que um sobrevivente tem que suportar naquela situação.
Por outro lado, o cineasta se excede na forma como retrata o sofrimento sentimental daquelas pessoas. E aí, infelizmente, o longa vira um dramalhão que praticamente obriga o público a chorar (e a copiosa trilha sonora de Fernando Velázquez parece estar ali para ajudar a alcançar esse objetivo).
No mais, convenhamos: com milhares e milhares de vítimas, contar justo a história de uma família rica que é salva pelo seguro de vida não foi das ideias mais felizes. ■
[A ideia do Corte Rápido é fazer um comentário simples, seja uma primeira impressão sobre um lançamento, seja uma breve reflexão sobre um filme revisto recentemente.]
Editor-chefe e criador do Cinematório. Jornalista profissional, mestre em Cinema pela Escola de Belas Artes da UFMG e crítico filiado à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e à Fipresci (Federação Internacional de Críticos de Cinema). Também integra a equipe de Jornalismo da Rádio Inconfidência, onde apresenta semanalmente o programa Cinefonia. Votante internacional do Globo de Ouro.