O diretor Marcos Bernstein (no comando de seu segundo longa, após estreia consistente com “O Outro Lado da Rua”, de 2004) também mantém o tom melancólico da narrativa, que acompanha o menino Zezé (interpretado pelo estreante João Guilherme Ávila, filho do cantor sertanejo Leonardo) em suas travessuras, enquanto sua família passa por dificuldades financeiras. Nessa situação em que o garoto se vê cada vez mais distante do pai, ele faz amizade com o Portuga, papel de José de Abreu, que de velho rabugento se torna o melhor amigo e mentor de Zezé.
O filme flui bem na atmosfera de nostalgia e memórias da infância, no que deve tocar especialmente ao espectador que tem ou já teve alguma vivência em cidades do interior. O carinho com o material é evidente, porém, algumas passagens que deveriam causar um impacto emocional mais forte parecem resolvidas às pressas.
O excesso de variação de planos e ângulos de filmagem (plongées, planos subjetivos, ângulos inclinados etc.) e o uso indiscriminado deles também prejudica o ritmo da narrativa, que pede uma condução mais calma e reflexiva como acontece, por exemplo, em “Mutum” (2007), de Sandra Kogut, belíssima adaptação de “Campo Geral”, de Guimarães Rosa, também focada nesse momento de fim da infância.