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Efeito placebo

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“Terapia de Risco” começa como um drama que reflete sobre os bastidores da indústria farmacêutica e o tratamento da depressão, ponderando sobre a falta de ética no uso velado de cobaias humanas. No caso, é a personagem de Rooney Mara quem passa a fazer uso de um novo medicamento depois que seu psiquiatra, interpretado por Jude Law, receita outros antidepressivos sem sucesso.

Esse tipo de “thriller médico” já havia pautado um dos recentes trabalhos do diretor Steven Soderbergh, “Contágio”, sobre uma epidemia em escala global. Em “Terapia de Risco”, o cineasta opta por um escopo bem menor e é mais bem-sucedido. Não só por focar em menos personagens, o que permite trabalhá-los com mais calma, mas também por subverter nossas expectativas com o desenrolar da trama.

O filme surpreende, mas Soderbergh, que em várias outras ocasiões mostrou ser um cineasta inventivo, aqui escolhe um caminho fácil para “explicar” um determinado acontecimento. Ele recorre ao flashback e à narração em off de uma forma que diminui o impacto para o público, que poderá erguer as sobrancelhas, mas não chegará ao ponto de colocar as mãos sobre a cabeça.

Mais uma vez filmando no formato digital, Soderbergh prima por seus típicos enquadramentos estilizados e bem compostos. O filme tem um belo visual e detém um problema crônico dos trabalhos do diretor, especialmente esses de temas mais sérios: apesar de trabalhar com uma paleta diferenciada, algumas vezes literalmente pintando os atores com uma determinada cor, a sensação que a fotografia passa é a de tomar sol no inverno: você contempla a beleza, mas não sente seu calor. Intencional? Sem dúvida. Mas, pessoalmente, acho incômodo.

É um bom filme, mas prefiro quando Soderbergh brinca mais, como na trilogia “Onze Homens e um Segredo”, no injustamente execrado “Full Frontal” ou mesmo numa bobagem recente com “Magic Mike”. Seu melhor trabalho continua sendo “Irresistível Paixão”, também um filme de gênero, onde ele consegue fazer com que a desejada harmonia entre forma, ritmo e enredo alcance sua plenitude. ■

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