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A Bela que Dorme

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Apesar de não ser dos diretores italianos mais populares, Marco Bellocchio se consagrou junto à crítica ao longo de sua carreira, iniciada nos anos 60. Nos últimos anos, ele tem conquistado ainda mais prestígio junto ao público que frequenta festivais e mostras de cinema e continua sendo alçado pelos críticos ao rol dos grandes realizadores europeus. Com “A Bela que Dorme”, seu mais recente trabalho, podemos ter uma dimensão perfeita deste prestígio.

É um filme muito bem realizado, elegante, que reúne em torno de um caso polêmico uma narrativa que abraça diversos enredos. O caso, verídico, é o de Eluana Englaro, que após um acidente de carro entrou em estado vegetativo permanente, trazendo à tona a discussão sobre a eutanásia.

Bellocchio, que é ateu e ativista político, aborda o tema com olhar crítico, como sempre, colocando em questão os limites que a legislação deve obedecer sem interferir nos preceitos religiosos e vice-versa. Na Itália, com o Vaticano do lado, é um debate dos mais delicados.

Dentro disso, o diretor recorre ao melodrama, no bom sentido, como vimos em seu anterior e aclamado filme, “Vincere” (2009), sobre a mulher abandonada por Mussolini. O efeito não é o mesmo, pois como o roteiro tem que se preocupar com ao menos quatro tramas paralelas, com destaque para a personagem de Isabelle Huppert, a força dramatúrgica se dilui e o tema principal, que é a discussão sobre o direito de decidir sobre o fim da vida, acaba ficando em segundo plano, não aprofundando nas questões morais ou éticas.

É um problema, mas que é de certo modo interessante, uma vez que Bellocchio cria no filme uma atmosfera de indecisões. Dada a dimensão da polêmica, é compreensível que ele não queira tomar partido e deixe o espectador observar para tirar suas próprias conclusões.

A BELA QUE DORME (Bella addormentata, 2012, Itália/França). Direção: Marco Bellocchio; Roteiro: Marco Bellocchio, Veronica Raimo, Stefano Rulli; Produção: Marco Chimenz, Giovanni Stabilini, Riccardo Tozzi; Fotografia: Daniele Ciprì; Montagem: Francesca Calvelli; Com: Toni Servillo, Isabelle Huppert, Alba Rohrwacher, Michele Riondino, Maya Sansa; Estúdios: Cattleya, Babe Film, Rai Cinema, La Banque Postale Images 5, Sofica Manon 2, Friuli Venezia Giulia Film Commission; Distribuição: Califórnia Filmes. 115 min

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