Ícone do site cinematório

“Rush”: sem derrapar

rush01

Se o esporte envolve competição, nada mais natural que a rivalidade entre os participantes paute qualquer modalidade. A Fórmula 1 já teve épocas melhores nesse quesito, para os brasileiros principalmente. “Rush: No Limite da Emoção” resgata uma disputa acirrada dos anos 70, que mostra exatamente como esse não é um esporte de mera competição. É um esporte de loucos, praticamente suicidas. Alguns estão ali apenas pela grana, claro, outros pelo simples prazer de correr. Mas, para o austríaco Niki Lauda e o inglês James Hunt, ganhar era uma questão pessoal.

Para Lauda principalmente, e o filme acerta ao focar em seu perfeccionismo e dedicação, em sua inteligência e atenção nos pormenores para tornar seu carro mais rápido. Interpretado pelo ator alemão Daniel Brühl – que passa por uma ótima transformação por maquiagem para ficar parecido com o Lauda da vida real –, o personagem é aquele por quem você torcerá até o final, já que James Hunt surge como um playboy esnobe que, a princípio, quer humilhar Lauda.

Hunt é vivido por Chris Hemsworth, mais conhecido por interpretar o super-herói Thor. Em “Rush”, ele pode até começar no papel de vilão, mas aí surge o principal trunfo do filme: fazer você torcer pelo rival de Lauda. Isso acontece porque o longa também mostra o lado humano de Hunt, acima de suas futilidades.

Mesmo tendo cenas de ação fantásticas, capazes de fazer vibrar os entusiastas do automobilismo, “Rush” não é um filme sobre corridas, mas sobre dois homens que vivem entre o prazer e o dever. A principal disputa que eles precisam vencer acaba sendo contra seus próprios vícios e obsessões.

Favorecido ainda pelo visual que Ron Howard concebe junto ao diretor de fotografia Anthony Dod Mantle, simulando as cores e a textura típicas de imagens dos anos 70, o filme faz uma companhia perfeita para o documentário “Senna”, que também foca na rivalidade entre dois pilotos – no caso, o brasileiro Ayrton Senna e o francês Alain Prost. São dois retratos de pessoas que foram no limite, não da emoção, mas da própria vida. ■

RUSH: NO LIMITE DA EMOÇÃO (Rush, 2013, EUA/Alemanha/Reino Unido). Direção: Ron Howard; Roteiro: Peter Morgan; Produção: Andrew Eaton, Eric Fellner, Brian Grazer, Ron Howard, Peter Morgan, Brian Oliver; Fotografia: Anthony Dod Mantle; Montagem: Daniel P. Hanley, Mike Hill; Com: Daniel Brühl, Chris Hemsworth, Olivia Wilde, Alexandra Maria Lara, Pierfrancesco Favino, David Calder, Natalie Dormer; Estúdios: Exclusive Media Group, Cross Creek Pictures, Imagine Entertainment, Revolution Films, Working Title Films, Double Negative; Distribuição: Califórnia Filmes. 123 min

Sair da versão mobile