Há uma década e meia, desde o lançamento de “X-Men: O Filme”, de Bryan Singer, em 2000, a chamada “nova onda” dos filmes de super-heróis rende títulos e mais títulos, bilhões e mais bilhões de dólares. E pelo visto, nós dificilmente veremos personagens como Superman, Capitão América, Batman, Homem de Ferro, Mulher-Maravilha, Thor, Aquaman, Hulk e outros darem um tempo das telas num futuro próximo. Isso porque Marvel e DC Comics (esta através da Warner Bros.) anunciaram recentemente que novos filmes baseados em seus quadrinhos serão lançados pelo menos até 2020.
Tendo em vista esse panorama, eu convidei dois dos meus mais estimados colegas e amigos, que são autoridades absolutas do assunto, para um bate-papo sobre as estratégias adotadas por ambos os estúdios e o que podemos esperar desses vindouros lançamentos. Abaixo, você lê a transcrição completa da conversa entre eu, Carlos Quintão e Heitor Valadão, ambos colaboradores do Cinema em Cena e fundadores do saudoso site A Galáxia.
— início do chat —
data: 31 de outubro de 2014, 14:13
Renato: Senhores, quando quiserem.
Heitor: A postos.
Carlos: Cheguei!
Renato: Bom, começo pelos anúncios dos filmes da Fase 3 da Marvel. De uma vez só a Marvel anunciou TODOS os filmes que vai lançar até 2019, da mesma forma como a Warner/DC Comics fez há algumas semanas, anunciando filmes planejados até 2020. O que me fez indagar e eu redireciono a pergunta para vocês: VINGADORES: ERA DE ULTRON nem estreou ainda e já está “velho”? Afinal, agora que a gente sabe que virão CAPITÃO AMÉRICA: GUERRA CIVIL e VINGADORES: GUERRA INFINITA, meio que já dá pra saber o que vai acontecer nos próximos filmes todos.
Heitor: A Marvel tem uma estratégia de marketing impressionante. Usando os anúncios de seus futuros filmes, ela já garante que os seus próximos lançamentos tornem-se ainda mais esperados. Não acho que VINGADORES: ERA DE ULTRON tenha virado “notícia velha”. Pelo contrário! Você quer ver os próximos filmes? Então antes veja VINGADORES 2.
Sabe quando os fãs reclamavam que esse tipo de história seria melhor contada se fosse série de TV? É quase a mesma coisa. Ao montar um universo cinematográfico coeso, a Marvel agora está fazendo um episódio de série de US$ 200 milhões de cada vez.
Carlos: Concordo! Como séries de TV estão cada vez mais em voga, e se apropriando da continuidade das HQs, porque não fazer isso no cinema?
E como nas HQs e nas séries, “o que vai acontecer” é sempre secundário a “Como vai acontecer”.
Heitor: E todo mundo ganha! Porque em um filme você pode ir plantando sementes que só serão exploradas no futuro. Já foi comprovado, por exemplo, que Capitão América e Homem de Ferro já terão suas diferenças ainda mais exploradas em VINGADORES: ERA DE ULTRON, para já deixar preparado para CAPITÃO AMÉRICA: GUERRA CIVIL.
Renato: Entendo o ponto de vocês, mas eu quero saber do fator novidade. Afinal, a gente sempre não discute que os filmes têm que ter seu próprio universo e não ser igual a HQ? Será que a Marvel não corre o risco de já prenunciar (ao menos para os fãs que já leram as HQs de GUERRA CIVIL, GUERRA INFINITA etc.) o que virá pela frente? E o fator surpresa?
Heitor: Acho que a Marvel se aproveita mais dos temas que das histórias em si. CIVIL WAR envolve centenas de personagens, alguns deles que a Marvel nem tem os direitos de adaptação. Então na verdade o que eles querem é colocar isso como tema, não como adaptação literal.
Carlos: Eu nunca li CIVIL WAR, portanto… Mas entendo o ponto do Renato: filme é filme, HQ é HQ. Perde-se o fator surpresa enquanto cinema. Nesse aspecto, acho que os filmes da DC tendem a surpreender mais. Os filmes da Marvel são muito parecidos entre si.
Heitor: Concordo plenamente.
Renato: Concordo também. Não dá pra esperar nada dos filmes da DC. Até porque estão recomeçando a partir do MAN OF STEEL.
Carlos: A Marvel quer que seja assim. Fica mais fácil trocar diretores e manter a coesão do universo. Já a DC parece querer ir na direção oposta. Podem falar mal do Snyder, mas que ele tem assinatura, isso tem.
Que me parece diferente da do David Ayer, que fará SUICIDE SQUAD. E pelo que andam falando do WONDER WOMAN, a proposta é épica. Uma trilogia de filmes, cada um deles em uma época diferente (1920-1942-hoje), colocando a moça de frente a temas como o papel da mulher na sociedade em cada época…
Heitor: No caso, por exemplo, do final de HOMEM DE AÇO. Digam o que quiserem do filme, mas ele arranca uma reação do espectador no final. No mínimo, provoca uma discussão.
O próprio BATMAN V SUPERMAN parece que vai ser muito mais Zack Snyder em seu velho estilo do que o semi-Nolan que ele usou em O HOMEM DE AÇO.
Renato: O que acho mais legal na proposta da DC é que o universo da HQ será uma referência, mas os filmes terão cara própria, quase como filmes originais livremente inspirados em personagens clássicos. Afinal de contas, já estragaram tanto Superman e Batman no cinema, que perderam a frescura de “mudar muito” em relação a HQ.
Heitor: Isso eu valorizo mais a DC/Warner. Eles procuram um diretor em quem confiam e entregam a ele as chaves do reino. Quem tem as chaves do reino da Marvel são executivos como Kevin Feige.
Carlos: Não só em personagens clássicos, mas em storylines famosos. Parece que a DC usou sua experiência na animação, quando adaptou ANO UM, JLA: EARTH 2 e THE DARK KNIGHT, como ensaio para o que quer fazer no cinema. Ou seja, vão pegar tramas como as de A PIADA MORTAL e SUPERMAN do Byrne e colocar no mesmo universo de CRISE NAS INFINITAS TERRAS.
Claro que com ênfase no que tá acontecendo agora, no NOVOS 52, que ainda não li.
BATMAN VS SUPERMAN parece uma versão de THE DARK KNIGHT RETURNS no universo de MAN OF STEEL.
Heitor: Infelizmente, em animação, o plano da DC é adaptar uma história clássica e duas dos NOVOS 52 por ano.
Renato: O que me parece mais complicado para a DC são os vilões. SUICIDE SQUAD mesmo, pelo que pesquisei, não envolve os principais vilões, certo? Será que farão o mesmo no filme ou reunirão os medalhões?
Heitor: SUICIDE SQUAD é a resposta cinematográfica da DC a GUARDIÕES DA GALÁXIA.
Carlos: SUICIDE SQUAD tem de usar os vilões das HQs mesmo. Digo, os de segunda linha. Deixar os maiorais para os filmes dos heróis.
Heitor: O ESQUADRÃO SUICIDA dos quadrinhos são vilões menores. O próprio título já entrega: qualquer um ali pode morrer a qualquer momento. São sempre missões arriscadíssimas, que os vilões faziam em troca de “favores” tipo um perdão presidencial.
Carlos: Esta é a ideia. É filme onde tudo pode acontecer, já que quem tá ali tem pouca importância para a continuidade.
Heitor: Até porque se um astro como Will Smith não quiser voltar para uma continuação, ele pode ser substituído sem muitos problemas narrativos.
Carlos: Sim, sim.
Agora, o interessante foi a DC ter explicitado seu plano de uma vez, ainda mais como foi, numa reunião de acionistas.
Heitor: O problema é que isso, por mais que cause comoção, não tem o mesmo efeito que a Marvel, que já está preparando o futuro usando os filmes que vão entrar em cartaz no próximo ano, ano e meio.
A única coisa que temos da DC é O HOMEM DE AÇO e o teaser da SDCC, que a Wb estupidamente se nega a lançar oficialmente. Diz que “é só para os fãs da Comic Con”.
Carlos: Dos próximos filmes da Marvel, já sabemos o que esperar. Talvez o DOUTOR ESTRANHO, pela natureza do personagem e pelo Derrickson, que tem uma assinatura mais forte, seja a exceção. Já os da DC parecem ser ambiciosos mesmo!
Heitor: A Marvel diz que DR. STRANGE será um ‘game changer’ do estúdio, no sentido que será muito mais ousado. Veremos.
No sentido de criar burburinho para seus filmes de super-herói, o pessoal da WB ainda tem muito o que aprender…
Carlos: Cara, nem O HOMEM DE AÇO a gente pode usar como parâmetro. Tem absoluta certeza que ele foi planejado pra ser independente do resto do universo DC, da mesma forma que a trilogia do Nolan.
É fácil perceber isso pelas entrevistas que o Nolan e o Snyder deram durante as filmagens. Tanto que as poucas referências que tem ao universo DC, tipo “Wayne Enterprises”, são coisas da pós-produção, quando parece que eles mudaram de ideia.
Mais ou menos como fez a Universal, que de última hora decidiu que DRACULA UNTOLD seria o primeiro do seu universo de Monstros Clássicos.
Só a DC era medrosa a ponto da estupidez. Ela é dona de um universo inteiro, pô! Precisou da Marvel arriscar para a DC sair do armário.
Heitor: Com certeza. A WB sempre disse isso durante a produção. O problema é que, nesse meio tempo, veio OS VINGADORES e faturou mais de US$ 1,5 bilhão.
Renato: E desconfio que BATMAN V SUPERMAN será diferente em tom e ambição em relação a MAN OF STEEL…
Heitor: A política da WB sempre foi a de não misturar seus personagens, por medo de queimar dois ícones em um filme ruim só.
Há quase uma década atrás o Lorenzo DiBonaventura já tinha tentado vender um BATMAN V SUPERMAN para a WB, e ela se recusou. Lembram? Wolfgang Petersen na direção, Jude Law como Superman, Colin Farrell como Batman…
…ou pelo menos dizia a boataria.
Nessa época a Marvel ainda estava vendendo os direitos de seus personagens para outros estúdios.
Carlos: Lembro. O mais próximo que chegaram disso foi com a JLA do George Miller, que mesmo assim, seria de um universo à parte de SUPERMAN RETURNS e BATMAN BEGINS.
Ali, pelo menos, chegaram na pré-produção de fato. Mas amarelaram na última hora.
Heitor: Putz, nem me fale. Ao ver o trailer de MAD MAX: FURY ROAD, tudo o que eu queria era ver um LIGA DA JUSTIÇA do George Miller.
Tudo bem que o roteiro dos Mulroney era BEM fraco.
Carlos: Realmente, fazer filmes independentes é bem mais tranquilo e seguro. Mais fácil de atrair diretores e elenco de ponta. Mas a Marvel provou que pode ter elenco de primeira e contratos longos.
Heitor: Mais ou menos, né? A Marvel andou montando elencos de primeira com atores baratos que estão se tornando astros por causa de seus filmes da Marvel.
Carlos: Voltando aos anúncios da DC, achei curioso um FLASH com ator contratado e um novo GREEN LANTERN. Mesmo que nenhum deles tenha diretor ainda.
Heitor: De quem foi a idéia de colocar Ezra Miller como FLASH? Assisti recentemente PRECISAMOS FALAR SOBRE O KEVIN e já tinha visto AS VANTAGENS DE SER INVISÍVEL. O cara é bom, mas não tem a menor pinta de super-herói.
Carlos: O Ezra Miller é muito bom. Já tinha pensado nele como Asa Noturna. Como Flash foi mesmo surpreendente. E gosto de ser surpreendido.
Heitor: Espero que FLASH tenha um diretor magnífico, porque pode acabar se tornando um casting tipo Halle Berry como Mulher Gato.
Ou então, pode ser um Heath Ledger como Coringa. A conferir.
Carlos: Foi o único momento em que a DC esteve à frente da Marvel: anunciar um filme de super-heroína antes.
Heitor: A Marvel não tem nenhuma heroína de peso. Pelo menos, não como uma Mulher Maravilha.
Precisou da Fox fazer ELEKTRA!
Carlos: A DC, tirando o Cavill, parece estar escolhendo de forma inovadora. Gal Gadot como Mulher-Maravilha é completamente diferente de tudo que foi feito antes.
Heitor: Resta saber se a Gal Gadot também vai dar conta. Como atriz, quero dizer.
Carlos: Sim, é uma grande aposta ali.
Heitor: Ela ainda é bem verde.
Carlos: Mas o Chris Hensworth também era. Por isso é importante um bom diretor de atores. Thor teve o Branagh.
Provavelmente, a Gadot vai filmar JLA e WW back to back.
Heitor: Acho que o filme solo dela deveria ser após o primeiro LIGA DA JUSTIÇA. Ela teria mais tempo para se acostumar ao papel.
Gosto da direção de atores do Snyder. Não é magnífica, mas é bastante funcional.
Carlos: Os próximos filmes da Marvel já eram mais ou menos esperados: PANTERA NEGRA, CAPITÃO MARVEL, INUMANOS…
Heitor: CAPITÃ MARVEL… infelizmente. Não por ser mulher, mas porque meu sonho era ver um filme do Capitão Marvel clássico, com uma dupla tipo Brad Pitt e Edward Norton em CLUBE DA LUTA.
Carlos: Também preferiria um Rick Jones/Marvell nos moldes do Peter David.
Renato: Será que não farão um filme com o Capitão Marvel mesmo, mas com a Carol Danvers ali começando e só no fim virando a super-heroína?
Heitor: A Capitã Marvel originalmente tem uma história longa e complicada. Não sei se ela foi reformulada recentemente.
Carlos: Muuuuito complicada. Provavelmente vão simplificar ao máximo. Ainda mais que envolve o universo dos X-Men.
Heitor: Envolve os X-Men, os Vingadores, os Piratas Siderais… Acho que a Marvel vai tomar muitas liberdades no filme dela.
Renato: Estou baseando minha pergunta nesta descrição do site da Marvel.
Heitor: É, criaram aí um background relativamente novo para ela.
Carlos: Completamente novo.
Heitor: Não me lembro dessa origem quando a personagem apareceu anos atrás.
Carlos: Nem eu. Mas conheço pouco a personagem. Carol Danvers é aquele tipo de personagem que funcionava como tapa-buraco. Pau pra toda obra. Já foi de tudo.
Renato: É que li isso e visualizei uma ligação com a história da GUERRA CIVIL também, envolvimento dela com a SHIELD, Nick Fury, Tony Stark etc… Como estão ligando todos os filmes mesmo, sei lá. De repente estão indo por esse lado.
Heitor: Parece. E acho legal a Marvel pegar uma personagem “de fora” ao invés de fazer um filme da Viúva Negra, que poderia acabar sendo um ELEKTRA no currículo deles.
Aliás, mesmo nos quadrinhos, a Viúva sempre funcionou melhor como parte da equipe do que em carreira solo.
Renato: Mas de toda forma é muito claro que querem emplacar uma heroína, atrair as mulheres para os cinemas, porque só a Viúva Negra não dá conta. Aliás, acho muito limitada dentro dos Vingadores. Um lugar que acho que conseguem equilibrar as coisas homem/mulher é na série AGENTS OF SHIELD.
Talvez a Feiticeira Escarlate cumpra o papel que a Viúva não conseguiu.
Heitor: Na verdade, tanto a Viúva quanto o Gavião Arqueiro meio que “sobraram” em OS VINGADORES. Se o bacana em equipes de heróis é que cada um tem um poder, uma especialidade, nesse sentido ambos são meio que um sub-Capitão América.
O Whedon até dá à Viúva a cena dela com o Loki, com ela descobrindo o plano dele. Mas você vê que eles não têm muito a fazer em matéria de “poder de fogo”.
Carlos: Tem personagens que funcionam bem só em grupo. Acho Wolverine um deles.
Ao contrário de um HOMEM-FORMIGA, por exemplo.
Renato: Concordo plenamente.
Heitor: Putz, HOMEM FORMIGA ainda pode ser o melhor filme da Marvel. Vamos ver depois dessa confusão toda.
Carlos: PANTERA NEGRA, HOMEM-FORMIGA, DR. ESTRANHO… são personagens que tem seus universos próprios, ou seja, funcionam bem sozinhos e ao mesma tempo, trazem elementos novos para o grupo.
Falei do DR. ESTRANHO, mas me esqueci do INUMANOS, que é onde a Marvel tem chance de inovar um pouco também.
Mas estou bem mais curioso com os da DC. Pô, um filme do AQUAMAN… Acho Jason Momoa uma boa escolha, mas também fora do radar, como o Ezra e a Gadot. Se fosse a Marvel, teria escolhido para o Aquaman alguém como o biotipo do Jamie Lannister ou do Sawyer.
Renato: Acho que desistiram dos filmes solos de Nick Fury, Viúva Negra e Gavião Arqueiro por verem o potencial limitado nos filmes já feitos. Mas agora apostam em CAPITÃ MARVEL e PANTERA NEGRA. Não dá na mesma?
Heitor: Não. VIÚVA, FURY e GAVIÃO ARQUEIRO são personagens menores, que já apareceram na tela. CAPITÃ MARVEL e PANTERA NEGRA quase que terão seu universo próprio.
As continuações de THOR, HOMEM DE FERRO e CAPITÃO AMÉRICA fizeram sucesso porque, pré-VINGADORES eles já tinham seus filmes e foram reunidos. Os outros praticamente foram lançados em OS VINGADORES. Aí fazer um filme solo de personagens que só funcionaram em grupo é bem mais complicado.
Foi o que aconteceu com a Elektra.
Carlos: Imagina o que o Pantera Negra pode fazer no contexto da África atual.
Por isso adoro a ideia dos filmes da Mulher-Maravilha se passarem ANTES de JLA e não DEPOIS. Se é que é verdade.
Se a DC fizesse isso, me deixaria MUITO feliz. Mais feliz ainda se anunciassem o filme do GAVIÃO NEGRO!
Heitor: Putz, se fizessem uma adaptação de HAWKWORLD seria um sonho.
E depois, uma adaptação de ODISSÉIA CÓSMICA, uma das melhores coisas que a DC já publicou.
Carlos: Mas como filmar o ODISSEIA CÓSMICA sem o Mignola? Talvez uma animação funcionasse melhor.
Heitor: Com certeza. Já devia ter sido adaptada para animação, em duas partes, como foi feito com O CAVALEIRO DAS TREVAS.
Carlos: Pois meu outro pet project, DARK JUSTICE, parece ter sido colocado em banho-maria, com a série de CONSTANTINE. Apesar de que isto não atrapalhou o FLASH.
Renato: DARK JUSTICE era o que o Guillermo del Toro estava desenvolvendo?
Carlos: Sim, com a turma mística da DC: Constantine, Monstro do Pântano, Dr. Fate, Etrigan…
Heitor: Na verdade, JUSTICE LEAGUE DARK.
Carlos: Ou isso. Nome igualmente ridículo.
O que será que vão fazer com o LANTERNA VERDE, hem? Mais cosmic opera, mais terrestre…
Renato: Pois é… Vamos vislumbrar a partir do BATMAN V SUPERMAN. A base de tudo acho que virá daí. Devem introduzir o Lanterna no LIGA DA JUSTIÇA e daí saberemos para onde o filme seguirá. Talvez façam como THOR…
Heitor: Espero que se passe quase todo no espaço. Bobagem voltar com o Lanterna para a Terra em um primeiro filme.
Carlos: Acho que não foi isso que atrapalhou o do Reynolds. Acho bem equilibrado entre a Terra e o espaço. O problema foi personagens fracos, humor ruim…
Heitor: O que atrapalhou o Reynolds é que a WB tentou fazer sua versão de HOMEM DE FERRO.
Carlos: Ficou no meio do caminho.
Mas não acho ruim igual todo mundo acha.
Heitor: Nem eu. Mas sou defensor de filmes “ruins” de super-heróis.
Renato: Eu também não. Em relação a ser imaginativo, acho que é mais bem-sucedido que HOMEM DE FERRO.
Heitor: Honestamente, nenhum filme do HOMEM DE FERRO é grande coisa. São legais. Até bem legais.
Carlos: São filmes bem divertidos, mas longe de serem excelentes.
Renato: Concordo. Acho todos no mesmo nível, com o terceiro um pouco acima em relação ao clímax.
Heitor: Mas ainda vejo SUPERMAN RETURNS com muito mais prazer.
E não pelo Superman, mas pelo simples fato de que é um filme que “não deve nada a ninguém”. O Singer foi lá e fez o filme dele e pronto. Do jeito que queria.
Carlos: SUPERMAN RETURNS é um elseworld.
Heitor: Os vilões e as histórias relacionadas a estes na franquia HOMEM DE FERRO são o que menos interessa. Na verdade, todos são capengas em comparação ao resto. Bom é o Downey e suas peripécias como Tony Stark.
Carlos: Verdade. Mas HOMEM DE FERRO não é um personagem capaz de render muito mais que isso não. Ainda mais sem o alcoolismo, que era o que o diferenciava.
Heitor: Só que o Shane Black viu isso e parece que não entendeu muito bem, transformando o Stark em quase James Bond.
Renato: O fato de terem abolido HOMEM DE FERRO 4 é sinal de que perceberam que não rolava de fazer outro filme solo?
Heitor: Não, é só sinal de que o Downey quer muita grana e que não está a fim de ficar se repetindo, então economizam ele para filmes dos Vingadores.
Carlos: Como não rolava? O terceiro fez mais de um bilhão!
Heitor: Isso é.
Renato: Não rolava no sentido que vocês disseram, de ele não render mais do mesmo.
Agora ele é um Hulk. Vai ficar só nos filmes dos outros.
Carlos: Mas com o Downey, podem ficar repetindo eternamente, que funciona. Igual 007.
Heitor: Acho que nos bastidores o Downey não quer deixar a Marvel contando com ele pro que der e vier. É quando ele estiver afim.
O Hulk mesmo a Marvel já disse que não vai ganhar filme solo tão cedo. E deixou isso claro com seus anúncios.
Renato: Pessoal, acho que já rendeu bastante. Mas ainda quero saber dos INUMANOS, onde vocês veem eles se encaixando nos filmes da Marvel, se será como os Guardiões da Galáxia ou haverá uma ligação mais próxima com os Vingadores.
Carlos: Acho que GUARDIÕES terá uma ligação mais próxima com os VINGADORES!
Questão de tempo.
Heitor: Não se enganem: aposto o que vocês quiserem que os Inumanos darão as caras na segunda parte de GUERRA INFINITA.
Mesmo ausentes da HQ originalmente (se estão mesmo, não me lembro).
Ou se bobear em GUARDIÕES 2.
Carlos: Acho que Guardiões e Vingadores juntam forças em INFINITY WAR.
Renato: O Kevin Feige disse que saberemos deles mais cedo do que pensamos. Será uma cena pós-créditos já em VINGADORES: ERA DE ULTRON?
Heitor: Acho que no próximo VINGADORES é muito cedo. Aí vai ser algo muito discreto.
Carlos: Não sei como é que vão juntar Dr. Estranho com os Vingadores.
Heitor: Se é que vão.
Renato: É outra grande dúvida mesmo.
Heitor: Eu ainda torço para que DR. STRANGE seja o primeiro filme de terror da Marvel, com demônios e outras dimensões, coisas do tipo.
Renato: Podia mesmo. E ser algo mais independente dos Vingadores. Porque senão forçam demais as histórias para ter uma ligação entre todas…
Carlos: Mais difícil ainda será juntar o SHAZAM! com o DC Universe.
Será o único standalone?
Heitor: Pois é! Estranho, né? Aparentemente ele não estará em LIGA DA JUSTIÇA.
Carlos: Falei que a DC antecipou a Marvel com o filme de heroína, mas esqueci que também antecipou com o filme de herói negro. O anúncio de CYBORG foi antes de PANTERA NEGRA.
Renato: Será que o DEMOLIDOR da TV terá alguma ligação com os filmes?
Carlos: Deixaram a possibilidade em aberto.
Heitor: Eu acho que a Marvel está criando universos separados com TV e cinema. E é complicado mesmo misturar os dois. Vamos ver.
Renato: E o HOMEM-ARANHA? Achei muito suspeito terem adiado o terceiro filme com o Andrew Garfield… E o Feige esta semana desconversou sobre o assunto.
Heitor: O boato é de que Marvel e Sony estão negociando a volta do Aranha para a Marvel, pelo menos nos filmes. Não acho difícil a Sony topar uma parceria, já que hoje ela só tem o Aranha.
Carlos: Agora, achei massa a DC manter os universos da DC na TV e no cinema como se fossem universos paralelos. Dão liberdade total para cada um fazer o que quiser, ao mesmo tempo em que deixam a possibilidade em aberto para um CRISIS no futuro.
A DC só não pode é sair distribuindo os personagens em vários canais diferentes. Senão não consegue reunir depois.
Tá bom de papo ou alguém tem mais algum assunto?
Renato: Já deu, tá ótimo!
Heitor: Isso pode virar algo frequente. ;)
Carlos: Legal! Publica como PHASE 1, pra fazermos outra quando anunciarem mais coisas.
Renato: Boa!
Carlos: Até mais, amiguinhos!
Heitor: Até!
Renato: Abraços!
— fim do chat —
Editor-chefe e criador do Cinematório. Jornalista profissional, mestre em Cinema pela Escola de Belas Artes da UFMG e crítico filiado à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e à Fipresci (Federação Internacional de Críticos de Cinema). Também integra a equipe de Jornalismo da Rádio Inconfidência, onde apresenta semanalmente o programa Cinefonia. Votante internacional do Globo de Ouro.