Lançado direto em home video no Brasil, “Sete Dias Sem Fim” (This Is Where I Leave You, 2014) se parece com tantos outros filmes sobre famílias disfuncionais que se reúnem para expurgar os problemas que fica difícil não tropeçar na sucessão de clichês em que o filme se desenvolve.
É também daquelas comédias dramáticas (ou dramas cômicos) em que o protagonista (no caso, Jason Bateman) volta para a cidade natal e reencontra um amor do passado (no caso, Rose Byrne). Quantos filmes assim a gente já não viu, só na última década?
E é bem novela: tem uma cena em que Bateman está sentado no telhado com sua irmã (papel de Tina Fey) e ele relembra tudo que aconteceu no filme até ali, faz um resumo mesmo, e ainda explica, caso o público não tenha entendido, que todos os parentes são fracassados em seus relacionamentos e que o filme é sobre isso.
O roteirista é o mesmo que escreveu o livro em que o longa é baseado: Jonathan Tropper. Ou seja, o problema parece estar no material mesmo. Pode até ser que na literatura ele vá a áreas em que consiga desenvolver melhor as ideias, mas, no filme, é superficial demais. E obviamente um diretor de linha de produção como Shawn Levy é incapaz de ajudar.
Uma última nota: a Tina Fey fazendo drama a fez ficar parecida com a Jennifer Jason Leigh. E isso é um elogio, mas cai naquela coisa do comediante quase que se obrigar a fazer drama para ser levado a sério como ator, o que é uma tremenda bobagem. ■
[A ideia do Corte Rápido é fazer um comentário simples, seja uma primeira impressão sobre um lançamento, seja uma breve reflexão sobre um filme revisto recentemente.]
Editor-chefe e criador do Cinematório. Jornalista profissional, mestre em Cinema pela Escola de Belas Artes da UFMG e crítico filiado à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e à Fipresci (Federação Internacional de Críticos de Cinema). Também integra a equipe de Jornalismo da Rádio Inconfidência, onde apresenta semanalmente o programa Cinefonia. Votante internacional do Globo de Ouro.