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MAGIC MIKE XXL: O desbunde

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Ao invés de usar um número para indicar que é uma sequência, o título de “Magic Mike XXL” faz uma brincadeira com a sigla em inglês para o tamanho “Extra Extra Grande”. É um trocadilho oportuno, não só pela conotação sexual, já que se trata de um filme sobre homens musculosos que tiram a roupa nos palcos, mas também porque o filme, como um todo, amplia as ambições do longa original, lançado três anos atrás e dirigido por Steven Soderbergh, que ainda curte sua falsa aposentadoria.

Sob os habituais pseudônimos Peter Andrews e Mary Ann Bernard, ele exerce as funções de diretor de fotografia e montador, respectivamente, e quem assina a direção é Gregory Jacobs, que produziu o filme anterior e é parceiro de longa data de Soderbergh. O roteirista Reid Carolin também está de volta e encontra mais tempo para desenvolver os personagens, algo que faz ao estruturar a história como um road movie: Mike, novamente interpretado por Channing Tatum, se reúne com os amigos do clube de strip e parte numa viagem para uma grande convenção dessa peculiar profissão.

Mas o novo “Magic Mike’ é melhor que o primeiro não apenas por essas razões. É melhor narrativamente. É um filme que se livra de amarras e preocupações que roteiros formulaicos determinam. É um filme que vive.

Supostamente, tem essa história de que Mike e os amigos viajam até a convenção de strippers para um último show, mas o longa sequer está preocupado em criar uma competição ou mesmo objetivos para serem cumpridos. É um filme sobre a jornada, não sobre o destino, ainda que eles cheguem lá e façam um grande espetáculo. O clímax é muito bem resolvido, mas o filme não existe apenas em função dele.

Tome como exemplo a sequência inteira que se passa na casa da personagem de Jada Pinkett Smith, quando o filme, assim como a turma de Mike, faz uma parada no meio da viagem. Claro que Mike vai até aquele lugar para resolver um conflito de seu passado, mas é um conflito que a gente nem sabia que existia. É um momento que o filme simplesmente usa para respirar, quase meditar.

Com essa leveza e muito bom humor, “Magic Mike XXL” foge das convenções do típico filme hollywoodiano. Há nele um aspecto contracultural que remete aos filmes da Nova Hollywood, dos anos 60-70 (e a abertura com o logo antigo da Warner, criado por Saul Bass em 1972, é um bom indício dessa intenção dos realizadores). É bacana perceber como Soderbergh e Jacobs constroem o clima dentro desse ritmo pouco usual hoje em dia, além de enquadrar as cenas das performances dos strippers de forma a criar minipalcos em meio aos cenários, seja na garagem da casa de Mike ou na loja de conveniência do posto de gasolina.

É um filme que não tem pretensões filosóficas, mas que leva a sério sua proposta de entreter a plateia, sem distinção de gênero, e que quer entender os personagens e libertá-los. É uma jornada homérica, e claro que há quem enxergue na tela os seus semideuses, embora eles sejam, sim, meros humanos, com frustrações e ambições como qualquer um de nós – claro, músculos e passos de dança à parte. ■

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