Em “Samba”, um dos atores principais de “Intocáveis” volta a trabalhar com a dupla de diretores Eric Toledano e Olivier Nakache: o francês Omar Sy. E o papel dele aqui é bem parecido com o do filme anterior: um imigrante senegalês que está em busca de uma melhor condição de vida e vive ilegalmente na França, ele trabalha como lavador de pratos em um restaurante, faz bico de segurança em um shopping, entre outros trabalhos que lhe garantem o mínimo para ter o que comer. Quando ele é pego pela polícia, conhece a personagem de Charlotte Gainsbourg, uma executiva que tenta abandonar a rotina estressante de seu trabalho atuando como voluntária em uma ONG que presta auxílio a imigrantes. Os dois se tornam amigos e vão se tornando cada vez mais próximos.
“Samba” se apoia todo no carisma de Sy, mas ele não aguenta carregar o filme sozinho. Em “Intocáveis” havia uma troca, pois ele dividia as atenções com o milionário tetraplégico vivido pelo ator François Cluzet. Já em “Samba”, mesmo formando par com Gainsbourg, que é uma atriz experiente, o filme é muito mais sobre ele, enquanto ela tem uma subtrama superficial e mal desenvolvida, que toma boa parte do tempo sem dizer muita coisa.
Problema que evidencia preguiça de Toledano e Nakache em escrever o roteiro é que tudo se revolve facilmente para o protagonista, que não precisa se esforçar para sair de qualquer situação complicada. Você passa a não temer que algo ruim possa acontecer e a sensação é a de que o filme anda em círculos.
Outro sinal de que os diretores não estão muito inspirados é a quantidade de vezes que eles recorrem a cenas musicais como alívio cômico. E aí entra o personagem do ator Tahar Rahim, que parece saído de uma comédia global — e isso, dificilmente, pode ser considerado um elogio.
Toledano e Nakache jogam luz sobre um tema sério: a imigração ilegal. E num momento em que a Europa vive sua pior crise migratória desde a Segunda Guerra Mundial. Porém, os diretores e roteiristas tornam o filme tão leve, que você até se esquece de que há um problema. É a mesma sensação que toma conta de “Intocáveis”, por sinal: é um buddy movie, mesmo que agora tente se passar por romance. ■