"Estrelas Além do Tempo" (Hidden Figures, 2016) - © TM & © 2016 Twentieth Century Fox

    cinematório café #14: Estrelas Além do Tempo e Lion – Uma Jornada Para Casa

    Renato Silveira e Kel Gomes·

    No penúltimo programa da série Oscar 2017, nós discutimos mais dois indicados na categoria Melhor Filme: “Estrelas Além do Tempo” (Hidden Figures, 2016, EUA), de Theodore Melfi; e “Lion – Uma Jornada Para Casa” (Lion, 2016, Austrália/EUA/Reino Unido), de Garth Davis.

    A nossa convidada para este episódio é a jornalista e crítica Priscila Armani, do podcast O Que Assistir.



    O programa está dividido em duas partes: a primeira, sem spoilers; a segunda, com spoilers. Abaixo, você pode conferir a minutagem em que cada filme entra:

    00:00:00 – Introdução
    00:04:05 – Estrelas Além do Tempo
    00:39:31 – Lion
    00:56:47 – Spoilers – Estrelas Além do Tempo
    01:23:24 – Spoilers – Lion
    01:44:05 – Encerramento

    ERRATA: Durante o debate, nós dissemos que as três funcionárias da NASA retratadas em “Estrelas Além do Tempo” já faleceram. No entanto, Katherine Johnson está viva. Ela tem 98 anos (confira uma entrevista com ela nos Hyperlinks, logo abaixo). Dorothy Vaughan morreu em 10 de novembro de 2008, aos 98 anos. Mary Jackson morreu em 11 de fevereiro de 2005, aos 83 anos.

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    O cinematório café é um podcast semanal produzido e apresentado por Renato Silveira e Raquel Gomes. A cada episódio, nós propomos um debate em torno de temas relacionados ao cinema e às suas áreas correlatas, sempre em um clima de descontração, mas buscando, acima de tudo, reflexões sobre imagens que estão presentes no nosso dia a dia.

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    Academia do Café  Coletivo Libertad

    Hyperlinks deste episódio:

    – Nossa playlist para este episódio, no Spotify:

    — Sobre “Estrelas Além do Tempo”:

    • Entrevista com Katherine Johnson (sem legendas):

    • Debate realizado pela NASA com as atrizes do filme (sem legendas):

    • Bastidores das filmagens:

    • A autora do livro, Margot Lee Shetterly, discute o filme ao lado do historiador da NASA Bill Barry, da astronauta Stephanie Wilson e da engenheira espacial Shelia Nash-Stevenson (sem legendas):

    — Sobre “Lion – Uma Jornada Para Casa”:

    • O ator-mirim Sunny Pawar fala sobre como foi interpretar Saroo (sem legendas):

    • Bastidores das filmagens:

    • Música-tema do filme: “Never Give Up”, de Sia:

    — Música “Bate a Poeira”, de Karol Conka:

     

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    12 Responses

    1. Vocês foram muito bonzinhos com “Estrelas Além do Tempo”. Filme piegas, maniqueísta, repleto de clichês e estereótipos assim como “Histórias Cruzadas”. Se fosse produzido pelos irmãos Weistein, todo mundo viraria a cara. Acho a história poderosa, um filme afirmativo sobre a raça negra e sobre o empoderamento feminino, mas o filme escolheu o caminho mais fácil. É um drama leve, simpático, mas que não deixa de ser piegas e edificante. Todas as concessões que vocês fizeram a esse filme passem a fazer para todos os outros… o elenco é muito bom, o filme tem suas virtudes, mas é um filme quadradinho. Não sou racista! Acho que o Renato foi muito feliz na observação que ele fez sobre as cores da fotografia e as cores do figurino. Não é porque o filme fala sobre um assunto importante, relevante socialmente, que ele é isento de críticas. Aqui sim a trilha sonora conta o filme o tempo todo. A cena do Kevin Costner é simbólica, o homem branco salvando o dia, desnecessária. Acho que o excesso de feminismo atrapalhou o julgamento do filme (3 x 0). Não sou machista! Um filme todo programado para ser indicado ao Oscar, segue a cartilha do início ao fim. Elogios exagerados! A Raquel foi muito feliz no comentário sobre o avanço tecnológico em contraste com a atitude repulsiva contra os negros, evolução e involução caminhando juntas.

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      2. Eu acho que vocês estavam em uma “vibe” muito voltada aos temas que o filme aborda como a afirmação de raça e o empoderamento feminino que acabaram se deixando levar pelo engajamento pessoal já que são temas que fazem parte da ordem do dia pra muita gente, inclusive eu, embora devesse ser algo abraçado por todo mundo. É ótimo ver um filme protagonizado por três atrizes e três atrizes negras falando sobre três incríveis mulheres negras, é ótimo ver um filme realçar uma história tão poderosa, penso como será positivo para as garotas negras, americanas ou não, por exemplo, assistirem a esse filme e perceberem o quão longe elas podem chegar desde que se dediquem a algo que gostem, mas eu crítico a forma como essa história foi contada já que é um filme de cartilha piegas, clichê e maniqueísta, onde tudo é programado para emocionar e fazer chorar, onde é possível se antecipar às catarses dramática, já que as cartão estão expostas na mesa de maneira explícita, não estou criticando a mensagem. Os diálogos expositivos são recorrentes e me incomodam do início ao fim do filme (em determinado momento, a Katherine chega a dizer para as próprias filhas que ela faz papel de pai e de mãe, pra ficar apenas em um exemplo). Só faltou algum personagem se referir a elas como “figuras escondidas” para não ficarem dúvidas. O filme não chega a me irritar, como “Histórias Cruzadas” me irritou, por exemplo, é um filme leve, simpático, mas em termos de cinema é um filme bem rasteiro. A história contada merecia um filme bem melhor.

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        1. Hum, entendi. Mas não tem excesso nenhum nos nossos comentários, tanto é que tudo o que você criticou nós também criticamos. E não acho que fomos condescendentes nem bonzinhos com nada. Eu gosto do filme apesar dos problemas. Da forma como você coloca parece que temos que nos desculpar por termos gostado dele. Não é assim. A questão é que os temas raciais e feministas precisam ser enaltecidos, sim. Aqui e em outros filmes. São temas culturalmente e historicamente relegados a segundo plano e têm que ser celebrados, sim. Se não fosse a indústria do cinema e o mundo tão racistas, a gente não precisaria fazer isso. Mas temos que assumir a realidade em que vivemos. Repito o que disse no podcast: o Oscar já premiou e celebrou filmes muito piores e que tiveram essa chance porque foram feitos por pessoas brancas e privilegiadas. Não que tenha que nivelar por baixo agora (e nem acho que seja o caso, visto que temos um “Moonlight” concorrendo em 8 categorias), mas “Estrelas Além do Tempo” é padrão Oscar de qualidade como tantos outros filmes que estiveram lá em anos anteriores.

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          1. Não precisa pedir desculpas, o que relatei foi só uma impressão que tive ao ouvir o programa. Eu também não posso deixar de criticar um filme APENAS porque ele toca em assuntos que merecem ser enaltecidos. Se for assim todo filme sobre o Holocausto deve ser reverenciado, independente da sua qualidade.

            Foi bom você ter comentado sobre “Moonlight”, um filme muito melhor, feito de maneira muito mais criativa e sofisticada, muito mais ambicioso e que deixa o seu recado com muito mais qualidade do que “Estrelas Além do Tempo” que é um filme tão formulaico e descartável como todos os outros filmes que possuem o padrão Oscar de qualidade e que foram indicados em anos anteriores e que foram feitos por brancos privilegiados. Uma coisa não anula a outra.

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    2. Em seu livro “Os Anjos Bons da Nossa Natureza” (The Better Angels of Our Nature; SP: Companhia das Letras, 2013) o psicólogo Steven Pinker relata um experimento israelense onde escolares ouviam a parábola bíblica do general Josué sitiando e chacinando todos os moradores de uma cidade rebelde até o último bebê. Surpreendentemente a maioria das crianças justificava o genocídio, alegando que o “Campeão de Deus” estaria correto ao purgar os infiéis do mundo. Já para um grupo de controle o pesquisador contava a mesma história, tomando apenas o cuidado de mudar o nome do general para Chiang-Tsé (ou outro nome chinês exótico). Nessas classes todas as crianças repreendiam o genocídio, classificando-o como um ato insano, bárbaro, e sanguinário. Conclusão: nosso instinto de lealdade tribal ao clã é bem mais forte que nossa empatia humanista.

      É por esse motivo que – pedindo licença à Stefânia – considero gêneros fantasiosos como a ficção científica superiores aos dramas históricos. Ao apresentarem dilemas morais na forma de abstrações atemporais, conseguem vencer a barreira do tribalismo com mais sucesso. Quantas vezes já vi fãs de Star Trek discutindo se a opressão dos “bajorianos” pelos “cardassianos” seria uma alegoria da opressão dos indianos sob os ingleses, dos judeus sob os nazistas ou dos negros sul-africanos sob o Apartheid? É um pouco de tudo isso.

      Dramas históricos raramente conseguem acertar o alvo pois o público simplesmente não consegue ligar os pontos e extrapolar o enredo apresentado. Cito novamente o caso da cantora gospel Kim Burrell que pregou ódio e negação de direitos civis aos homossexuais pouco depois de cantar na trilha sonora do filme “Hidden Figures: Estrelas Além do Tempo” (2016), DRAMA CUJO TEMA PRINCIPAL É EXATAMENTE A LUTA CONTRA A DISCRIMINAÇÃO! ( Hidden Figures Singer Booted from Ellen After Anti-gay Sermon Goes Viral – http://www.vanityfair.com/hollywood/2017/01/kim-burrell-ellen-degeneres-hidden-figures ) A moça não assimilou NADA da mensagem anti-discriminatória da fita.

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    3. Eu também tenho as minhas ressalvas com “Lion”, mas é um filme que lá seu apelo, jamais para receber indicações a premiações. Vocês comentaram da indicação do Patel para coadjuvante, sendo que ele é o principal. Na hora que eu vi o filme nem sabia que ele tinha sido indicado, quando vi a indicação, fiquei surpreso, porque gostei da atuação do Patel, mas exagerada e nem reparei nessa coisa de que ele é o ator principal e até aceitei a escolha porque tinha acabado de ver “Moonlight” e eu seria incapaz de dizer qual dos três atores é o principal, pra mim os 3 são coadjuvantes, o mesmo caso do Patel já que o filme é praticamente dividido pela metade, ou no máximo, 60/40 pro Patel, então não vi isso como uma artimanha dos irmãos Wenstein, embora o passado dele lhes condenem. O Renato foi muito feliz no seu comentário sobre os trilhos, a vida saindo e entrando nos trilhos e concordo com a Raquel quanto ao corte abrupto no tempo, isso me incomodou bastante, me tirou do filme, pois impediu que tivéssemos um pouco mais da relação do Saroo com seus pais adotivos e, principalmente, com relação ao irmão. Não concordo que a cena real foi mais impactante que a cena que vemos no filme, acho todo o clímax bastante emocionante assim como a recepção da notícia sobre o irmão. Acho que o “Lion” tem mais a ver com a força de superação do personagem, mas a resposta definitiva sobre essa dúvida só a mãe biológica pode explicar… kkk

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      1. Oi, Thiago! Talvez eu não tenha sido claro no comentário, mas a cena real dos créditos foi mais impactante para mim subjetivamente. Sendo assim não é questão de concordar ou não. É uma percepção de nível mais pessoal. Particularmente, ver os personagens reais por aquele breve momento provocou em mim uma reação mais forte do que a encenação que a precede, mas que, claro, é necessária para a construção dessa última emoção. Abraço!

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    4. Lamentavelmente invalidando toda a mensagem do filme, a cantora de sua trilha sonora (Kim Burrell) surtou durante a estréia, vociferando contra os direitos civis dos gays em um culto religioso. Demonstrando que o racismo é só mais uma dentre várias formas de preconceito e que não há santos em nenhum grupo social.

      Hidden Figures Singer Booted from Ellen After Anti-gay Sermon Goes Viral
      http://www.vanityfair.com/hollywood/2017/01/kim-burrell-ellen-degeneres-hidden-figures

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    5. Ótimo episódio pessoal. Gostei bastante dos dois filmes e confesso que fiquei relutante com Hidden Figures por achar que seria muito Sessão da Tarde, mas até foi menos do que esperava hehehe.

      Sobre os filmes, principalmente Hidden Figures, me chateia um pouco a mania de Hollywood de “mexer” na história pra tentar melhorar e deixar mais emocionante. Saber que a cena do banheiro não existiu e que o ápice do filme, que é o lance de chamarem a Katherine pra recalcular a trajetória também não aconteceu daquele jeito, e sim semanas antes. Não prejudicaria o filme não ter a cena do banheiro e nem eles terem pedido pra ela calcular semanas antes do lançamento. Soa até a NASA meio improvisada nessa cena se tivesse acontecido daquela forma hehehe.

      Isso aconteceu sempre… Me irritei em saber que com Danish Girl, a esposa do cara não ficou do lado dele até o fim como no filme, quando a cena de Imitation Game onde eles precisam sacrificar um dos barcos naquela sala de controle não aconteceu daquela forma… enfim, a maioria desses filmes oscarizados baseados em história real eu costumo gostar mais antes de conhecer a história como aconteceu hehehe.

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