A CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto chega a sua 12ª edição, entre os dias 21 a 26 de junho, firme no propósito de ser um espaço de discussão sobre a produção audiovisual brasileira, com foco no cinema como patrimônio. O eixo temático desta temporada é “Quem Conta a História no Cinema Brasileiro?”, que visa pôr em evidência a representatividade de minorias.
Na Temática Preservação, intitulada “Emergências Digitais”, pretende-se que, através da programação de filmes, debates e do Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais — com entrega do Plano Nacional de Preservação Audiovisual — ocorram discussões e propostas acerca do advento das tecnologias digitais, com foco no que tange a preservação de conteúdos originados digitalmente ou conteúdos digitalizados. Um assunto que, de fato, necessita ser constantemente debatido, uma vez que as tecnologias têm provocado grandes mudanças e questionamentos no processo de produzir, distribuir e conservar filmes.
Na Temática Educação, o objetivo é debater a questão indígena no Brasil e por isso o título é “Emergências Ameríndias”. Haverá o Encontro de Educação: IX Fórum da Rede Kino, que inclui a apresentação de trabalhos realizados em vários estados brasileiros por membros das comunidades indígenas e professores engajados em acabar com a invisibilidade sofrida por eles. A importância do audiovisual em relação a essas questões é indiscutível e ter isso como um dos três temas principais da mostra é vislumbrar possibilidades de evolução e mudança.
Já a Temática Histórica é o espaço da mostra dedicado a fazer as conexões com a trajetória da produção audiovisual no país. Aqui se propõe o questionamento sobre os sujeitos identificados na história do nosso cinema, e por isso o título: “Quem Conta a História? Olhares e Identidades no Cinema Brasileiro.” Pode-se esperar ótimos debates e reflexões sobre representatividade, gênero, etnia, sobre vozes de grupos, classes e culturas marginalizadas e seus desdobramentos através do que se vê nas telas.
Há grandes destaques entre os filmes selecionados. A mostra abre, inclusive, com o documentário “Desarquivando Alice Gonzaga”, de Betse de Paula, em pré-estreia mundial. Betse é uma premiada diretora e roteirista carioca, que começou sua carreira na década de 80 com curtas-metragens e que, após o ano de 2001, passou a realizar também longas-metragens. Em “Desarquivando Alice Gonzaga”, ela revisita uma parte importante da história do cinema brasileiro através da vida e da obra de Alice Gonzaga, filha única de Adhemar Gonzaga, cineasta que em 1930 fundou a Cinédia, primeiro estúdio de cinema no Brasil.
Também na abertura da 12ª CineOP acontecerá a noite de homenagens. Serão celebradas as carreiras da montadora Cristina Amaral, parceira de trabalho de nomes como Carlos Reichenbach, Andrea Tonacci e Carlos Adriano; do colecionador e pesquisador Antônio Leão da Silva Neto, grande dicionarista e enciclopedista do cinema nacional; e o projeto Vídeo nas Aldeias, iniciativa coordenada por Vicent Carelli, indigenista e documentarista que, recentemente, lançou, ao lado dos codiretores Ernesto de Carvalho e Tatiana Almeida, o filme “Martírio” (2017), sobre a histórica e sofrida luta de sobrevivência dos guarani-kaiowá no Mato Grosso do Sul. “Martírio” vem percorrendo os festivais e está na programação da Mostra Educação da CineOP.
Citando outros destaques da programação estão “Um é Pouco, Dois é Bom” (1970), de Odilon Lopez, primeiro longa brasileiro assinado por um cineasta negro; “A Primeira Missa ou Tristes Tropeços, Enganos e Urucum”(2014), de Ana Carolina, uma das mais importantes realizadoras do cinema brasileiro; “No Intenso Agora”(2017) de João Moreira Salles; “Pitanga” (2017), de Camila Pitanga e Beto Brant; a comédia brasileira “É Um Caso de Polícia” (1959), de Carla Civelli; o drama cubano “Memórias do Subdesenvolvimento” (1968), de Tomáz Gutiérrez Alea; entre muitos outros.
SERVIÇO
12ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto
De 21 a 26 de junho de 2017
Ouro Preto – Minas Gerais
Entrada gratuita
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