"mãe!" (mother!, 2017) - Foto: Paramount Pictures/Divulgação

    “mãe!” :: cinematório café expresso

    Renato Silveira e Kel Gomes·

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    Nesta edição, nós comentamos o filme “mãe!” (mother!, Estados Unidos, 2017), de Darren Aronofsky, estrelado por Jennifer Lawrence, Javier Bardem, Ed Harris e Michelle Pfeiffer.

    O cinematório café é um podcast produzido e apresentado por Renato Silveira e Raquel Gomes. A cada episódio, nós propomos um debate em torno de temas relacionados ao cinema e às suas áreas correlatas, sempre em um clima de descontração, mas buscando, acima de tudo, reflexões sobre imagens que estão presentes no nosso dia a dia.

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    Hyperlinks deste episódio:

    — Entrevista: Darren Aronofsky defende “mãe!” da recepção negativa nas bilheterias (The Frame, em inglês)

    — Sobre direção de arte: How Darren Aronofsky’s Team Turned a Victorian Mansion Into a House of Horrors (IndieWire)

    — Sobre som e trilha sonora: Why Darren Aronofsky and Jóhann Jóhannsson Scrapped the Original Score for a More Expressive Soundscape (IndieWire)

    — Crítica do Daily Beast

    — Crítica de Stephania Amaral

    — Uma crítica bem negativa sobre a representação de feminilidade e outros aspectos do filme, por Carol Lucena (Delirium Nerd)

    — Podcast: uma conversa entre Darren Aronofsky e William Friedkin sobre “mãe!”:

    — Entrevista da jornalista Renata Boldrini com Darren Aronosfky no Brasil:

    — Entrevista de Isabela Boscov:

    Apoio:

    Academia do Café  Coletivo Libertad

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    8 Responses

    1. O roteiro de Aronofsky não chega nem ser repleto de referências religiosas, pois ele poderia ser visto praticamente como uma releitura de toda a Bíblia, passando por diversos momentos icônicos, de forma metafórica, é claro. Eu amo os filmes como este, também recomendo assistir Professor Marston e as Mulheres Maravilha, este filme é um dos filmes de drama que estreou o ano passado. É impossível não se deixar levar pelo ritmo da historia. Amei que fez possível a empatia com os seus personagens em cada uma das situações. Sem dúvida a veria novamente, achei um filme ideal para se divertir e descansar do louco ritmo da semana.

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    2. Sobre as leituras e camadas do filme reforço q a simbologia biblica faz parte das demais camadas e temas discutidos no filme como a opressão da mulher; fanatismo; idolatria; culto a celebridade; arte e realidade; narrativa e tempo; homem e natureza; e talvez a mais bacana de todas as discussões – a relação criador-criatura. Adorei isso – vc parte da narrativa religiosa para perceber a influencia dela em todas areas na civilização judaico-cristã e tentar ser critico em relação a ela, vendo seus traços e tabus, e no caso acho q o veredicto do diretor é crítico e pessimista. Como disse Cazuza e Angela Ro Ro – Somos Cobaias de Deus… PS Tambem adoro o cinema do Shyamalan, mas acho o Ultimo mestre do Ar um filme injustiçado, no caso.

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      1. Bom ponto! “Partir da narrativa religiosa pra perceber a influência em todas as áreas da civilização judaico-cristã”. É o que o filme tem de mais instigante. Meu problema maior é só com a postura do diretor de se explicar mesmo. Não acho que nossas interpretações estejam completamente descartadas porque ele falou de seu objetivo, só acredito que numa revisita ao filme, estarei influenciada a partir do que ele disse. Talvez isso não seja de todo mal tbm hehe Bom, deixa eu rever o filme um dia pra sentir o que acontece e volto a comentar com vcs ;) Mas o problema da falta de catarse foi real pra mim e a Tha levantou algo que me ajuda na compreensão disso. Abraço

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    3. Adorei os comentários de Tha (@tha_at) e de Edmilson, acima! Muitas considerações pertinentes a se refletir! O filme tem tantas interpretações, além do que o próprio autor tenha articulado (embora eu duvido que ele não tenha, ainda que ‘quase inconscientemente’, pensado em todas as outras interpretações possíveis), que a dele (divulgada, embora todos tenham algo em mente, mesmo sem dizer, como Kubrick, Welles e tantos) me parece apenas mais uma entre tantas – o que só pode enriquecer a leitura individual dxs espectadorxs!

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      1. Nossos ouvintes/leitores são maravilhosos, né? Sempre enriquecem a discussão. Também gostei muito dos comentários! Sobre camadas e interpretações, concordo que a obra tem seu mérito de suscitar leituras diversas. Mas continuo decepcionada com a postura do diretor de se explicar e continuo intrigada com a minha não catarse. A Tha levantou uma questão que acho que vai de encontro com isso, sobre pesar a mão, desumanizar. Fez todo sentido pra mim. Bjo, Ana! Adorei ver vc comentando aqui tbm! =)

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    4. Vou começar com um breve comentário: A DAMA NA ÁGUA É MARAVILHOSO.

      Dito isso, eu concordo completamente que o Aronofsky devia ter ficado caladinho, mas não acho que isso prejudica taaanto assim o filme “mãe!”. Ainda que eu ache que ele desencoraja outras analogias quando declara qual foi sua intenção, penso que ele não fecha completamente essa porta, pois uma coisa é a intenção dele ao fazer o filme, outra coisa é o que ele entregou. Eu ouvi algumas entrevistas dele e ele não chegou a afirmar que não há outras camadas de leitura. Pense bem, se o filme é pensado como uma alegoria, ele tem que saber que a primeira camada deve funcionar sozinha também. Assim, ele deve ter pensado em uma maneira de deixar essa camada tão interessante quanto a alegoria que ela representa. Se não fosse o caso, a gente já sairia do filme achando uma bosta, rs. Então, sim, se a primeira camada entrega uma relação de como a mulher não tem voz (que eu acho que é um tema bem interessante), isso não precisa ser descartado só porque no fim das contas o filme é sobre a natureza, entende? E ele até comenta no filme (através de seu alter-ego, Deus, rs) em determinado momento: “Olha só, cada um está interpretando uma coisa diferente!!”, todo cheio de empolgação. Porque ele sabe que é isso que acontece quando a obra sai das mãos do autor (mas, se ele sabe, porque não ficou calado?! hahaha).
      Por outro lado, fiquei pensando nessa primeira camada e não conseguia entender o motivo de eu ter gostado tando do filme no momento em que assisti, mas as sensações que me provocou terem evaporado da minha cabeça logo em seguida. Eu, como mãe, na hora até me identifiquei com a protagonista naquele ato final, fiquei suuuper incomodada com as cenas, me provocaram um nervoso extremo, aquele monte de gente na casa, ela grávida, depois ela tem o bebê e ele morre e tal. Mas foi um impacto muito superficial, mesmo enquanto eu assistia. Porque era surreal DEMAIS. Era lógico que não estava acontecendo nada daquilo, eu sentia aflição, mas eu não estava realmente apavorada pelo bebê (eu já estava até duvidando que esse bebê existia). E quando ela morre e Ele aparece todo limpinho, pega a pedra e começa tudo de novo, eu interpretei que ele era o locaço da história, que sofreu algum trauma (perdeu a esposa e o filho em um incêndio, porque ele estava ausente devido à sua mania de grandeza hahaha) e estava em um estado obsessivo, revivendo tudo aquilo na própria cabeça só que pelos olhos dela, mas repetindo os mesmos erros todas as vezes porque no fundo ele é megalomaníaco e pronto. Ok, viajei, tem um tanto de furo nessa minha interpretação, mas isso eu pensei de supetão, quando saí do cinema.
      E, nossa, me afastei horrores de onde eu queria chegar. Que é no fato de que, mesmo nessa primeira camada, eu não consegui me conectar tanto no momento mais dramático do filme, porque ele acabou pesando demais a mão na maluquice. Ficou tão apoteótico, que desumanizou.
      E a segunda camada, convenhamos, é bem manjada né. Bíblia e ‘nós estamos destruindo o nosso planeta’. Uau. Quanta novidade. Prefiro a interpretação do Pablo Villaça, que é MUITO mais interessante.

      Por fim, encorajo vcs a lerem esse texto sobre o filme, porque é bem interessante, ainda que eu não concorde com ele em tudo:
      http://deliriumnerd.com/2017/09/20/mae-loucura-genderizada-aronofsky/

      (Eu achei que tinha vindo nos comentários para defender o filme, mas acabei malhando mais ainda hahaha)

      Abraços!!

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      1. Caramba, Tha! Fiquei me perguntando porque não tive uma catarse, por quê faltou essa conexão forte e acho que vc trouxe a resposta. É exatamente isso. Pesou a mão, desumanizou… Sobre o texto, eu já tinha lido, também não concordo com tudo, mas é uma crítica muito interessante, sim. Tanto que coloquei de sugestão nos hiperlinks ali em cima. Concordo mto com a autora quando fala sobre dominação sobre a natureza (e nós mulheres) e não doação como o filme aborda. Inegavelmente é uma obra que tem o mérito de trazer várias interpretações e discussões, mas a postura do diretor em se explicar continua me decepcionando. E como o Renato comentou, acho que prejudica a revisita, sim. De certa forma acabamos por ser direcionados a buscar o que ele explicou nas imagens. Bjooo

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    5. Já vi varias declarações de artistas, em especial de diretores, sobre suas obras q eram totalmente diferentes das interpretações, até pq em cinema aconteceu muito o lance de obras reeditadas contra a vontade do criador e ele é por definição a obra de arte mais ”editoriavel” pois envolve inúmeras ”mãos” e intervenções na sua continua reelaboração ate chegar ao publico. O próprio Lynch divulgou pistas para interpretar Mulholand Drive, claro q de forma bem mais sutil. Por isso o q vale pra mim é a obra e sua narrativa. E essa é supercheia de camadas e sentidos, como é a Bíblia alias, por isso muito da confusão e violência q ela traz – as pessoas quererem impor seu ponto de vista sobre tal livro. É impossível também, analisar o filme sem o simbolismo bíblico, como no caso da obra do Terence Malick, isso não quer dizer q o filme não seja critico e polissêmico. Mas o Darren enfrenta de forma proposital o incrível e quase definitivo peso da herança bíblica q faz parte da sua constituição enquanto sujeito, sua memória, e da de todos nós, da nossa sociedade c suas regras, tabus, alegorias, prisões mentais, como parte da civilização judaico-cristã. Dito isso, concordo q o diretor está promovendo de forma equivocada, talvez pela repercussão negativa e o q isso envolve, inclusive economicamente falando, e q o seu filme é mt maior q ele e suas falas rsrs, a construção de uma narrativa tão ambivalente vai muito além disso. O filme é sobre arte, religião, feminismo, heresia, fanatismo, violência, sexualidade. E dialoga c uma época super intolerante de forma muito ousada e critica. Acho até q em breve o filme será boicotado, censurado, perseguido por fanáticos, se já não estiver sendo. E pra mim a Michelle Pheiffer tem uma interpretação q rouba o filme.

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