O ano de 2018 já se aproxima e com ele a nova temporada de festivais e premiações de cinema, que, aqui no Brasil, é aberta pela tradicional Mostra de Cinema de Tiradentes. Em sua 21ª edição, a mostra será realizada entre os dias 19 a 27 de janeiro, nessa que é uma das cidades históricas mais queridas e visitadas de Minas Gerais e que completará 300 anos em seu próximo aniversário.
A temática desta edição, “Chamado Realista“, foi definida pelos curadores Cléber Eduardo e Lila Foster e evidencia um movimento natural percebido no cinema contemporâneo brasileiro há mais tempo: o impacto da realidade.
A busca pela legitimação na realidade aparece constantemente nos filmes brasileiros recentes e, em alguns casos, tornou-se elemento essencial para a feitura de diversas produções. Biografias, documentários de arquivo, referências à política e a acontecimentos de conhecimento público, reencenações e reconstituições, informações transmitidas pela imagem: por uma série de procedimentos, o cinema vem operando com elementos verídicos das mais distintas formas. Essa variedade de estilos e as consequências dessas escolhas na recepção crítica aos filmes é o que vai pautar as discussões no festival.
Segundo Cléber Eduardo, em entrevista ao site oficial da mostra, “o que estamos intitulando de ‘Chamado Realista’ é a presença de uma matriz ou de uma questão num filme em que, independente do estilo, utiliza informações e materiais da contemporaneidade, ou eventualmente da história brasileira, para sua realização”. E para Lila Foster, “o contemporâneo parece apontar para novas buscas estéticas de contato com o real, principalmente numa representação que traz na sua forma e estilo o desejo de uma dramaturgia – no caso da ficção, calcado no lastro da experiência de mulheres e homens. O trabalho para chegar até essa experiência realista inclui muitas vezes métodos e perspectivas diretoriais que retiram o texto dos atores de suas vidas reais, uma combinação entre ficção e fatos da vida que se reflete no perfil naturalista de muita das atuações contemporâneas”, diz a curadora.
Já em 2017, os chamados filmes híbridos ou docudramas se destacaram em Tiradentes, rendendo muitas discussões sobre tal processo cinematográfico. Por exemplo, “Baronesa”, de Juliana Antunes, grande vencedor da Mostra Aurora, é todo construído numa mescla entre ficção e realidade. Em entrevista ao cinematório, Juliana disse que “não estava interessada se era verdade ou mentira, estava interessada em ter um bom filme”.
Em diálogo com esse eixo temático central, a homenagem da 21a Mostra de Cinema de Tiradentes será ao ator Babu Santana. Seu talento e presença forte poderão ser conferidos já no filme de abertura, a produção baiana “Café com Canela”, da dupla Ary Rosa e Glenda Nicácio.
Sobre a escolha de Babu como homenageado, Lila Foster afirma que “quase toda sua filmografia lida com narrativas situadas em ambientes em atrito e de risco, com marcas de desigualdade social brasileira. Parte significativa de seus personagens é dura e de empenho realista”.
Além do filme de abertura, no dia 19, a homenagem inclui a exibição de outros dois longas-metragens durante a programação: “Uma Onda no Ar”, de Helvécio Ratton, e o inédito “Bandeira de Retalhos”, de Sérgio Ricardo, e ainda, uma mesa de debate com foco na trajetória pessoal e artística de Babu.
E em comemoração ao aniversário de Tiradentes, a novidade da mostra é o lançamento em redes sociais da campanha Descubra #Tiradentes300anos – iniciativa da Universo Produção para integrar uma série de ações comemorativas ao tricentenário da cidade. O propósito é enaltecer e apresentar ao público os principais pontos turísticos, histórias, personalidades e curiosidades no roteiro turístico da Estrada Real.
SERVIÇO
21ª Mostra de Cinema de Tiradentes
De 19 a 27 de janeiro de 2018
Entrada gratuita
Mais informações aqui.