Falta menos de um mês para a 22ª Mostra de Cinema de Tiradentes, que acontece entre os dias 18 a 26 de janeiro de 2019. Além da seleção apurada de longas-metragens, a mostra ainda conta com a exibição de curtas, sendo que nesta edição há 78 produções vindas de 13 estados do país. Cada um deles pretende representar a força expressiva do formato e suas possibilidades diante de temáticas, estéticas e abordagens das mais variadas.
Os filmes estarão distribuídos em 10 seções segmentadas dentro da grade de programação: Mostra Foco, Panorama, Corpos Adiante, Formação, Jovem, Regional, Praça, Valores, Foco Minas e Mostrinha. A curadoria ficou a cargo de Pedro Maciel Guimarães, Camila Vieira e Tatiana Carvalho Costa.
Para Pedro Maciel, há dois aspectos a serem destacados em relação aos curtas desta edição. “De um lado, uma total letargia dos protagonistas a partir do que vem acontecendo no Brasil, num misto de lamúria, lamentação, ensimesmamento, depressão e de uma vontade de compartilhar afetos. São filmes sobre juventudes perdidas, discussão de rumos e de enclausuramento em seus espaços”, aponta. “Por outro lado, muitos trabalhos se fixam na necessidade de autoafirmação, especialmente pela etnia ou pela identidade de gênero, criando formas de se expressar diante da violência que determinados grupos vivenciam”, finaliza.
Camila Vieira ressalta que os curtas da Mostra Foco — avaliada pelo Júri da Crítica e que concede ao vencedor Troféu Barroco e prêmios de parceiros do evento — têm propostas diversas na abordagem dos corpos e seus lugares. “Os filmes propõem diferentes estratégias dos corpos mediante seus lugares no mundo e situações de crise. Há sujeitos solitários que buscam encontros fortuitos; jovens que se amparam no coletivo como forma de sobrevivência; corpos que enfrentam diversas formas de violência e que se afirmam em seus territórios particulares”, afirma.
Já Tatiana Carvalho Costa chama a atenção para as vozes marginalizadas que protagonizam as narrativas. “Sujeitos historicamente silenciados tomam para si não só a palavra, mas a forma de enunciação, em gestos corajosos e potentes. Destaco, no conjunto, os filmes dirigidos por pessoas trans/travestis e pessoas negras. Seja por meio da ressignificação de elementos clássicos da narrativa cinematográfica ou pela proposta de dispositivos quase disruptivos, os filmes realizados por estas pessoas nos fazem questionar o próprio fazer cinematográfico e lógicas de privilégios”, completa.
Confira a relação de todos os curtas-metragens:
MOSTRA FOCO
O BANDO SAGRADO, Breno Baptista (CE)
ONZE MINUTOS, Hilda Lopes Pontes (BA)
TEA FOR TWO, Julia Katharine (SP)
UM ENSAIO SOBRE A AUSÊNCIA, David Aynan (BA)
AINDA ONTEM, Jessica Candal (PR)
CAETANA, Caio Bernardo (PB)
ESTADO DE NEBLINA, Bruno Ramos (SP)
MALANDRO DE OURO, Flávio C. Von Sperling (MG)
A ÉTICA DAS HIENAS, Rodolpho De Barros (PB)
ANTES DE ONTEM, Caio Franco (SP)
NEGRUM3, Diego Paulino (SP)
TEMPESTADE, Fellipe Fernandes (PE)
MOSTRA PANORAMA
EU NÃO VOU AO ENTERRO DE PAINHO, Leandro Lopes (BA)
REFORMA, Fábio Leal (PE)
GUAXUMA, Nara Normande (PE)
VERDE LIMÃO, Henrique Arruda (RN)
NÁUFRAGA, Juh Almeida (BA)
AULAS QUE MATEI, Amanda Devulsky E Pedro B. Garcia (DF)
INSIPIENTE, Jean Santos (PE)
PRINCESA MORTA DO JACUÍ, Marcela Ilha Bordin (RS)
OBESO MÓRBIDO, Diego Bauer E Ricardo Manjaro (AM)
UM FILME PARA EHUANA, Louise Botkay (RJ)
AURORA, Renata Spitz (RJ)
LIBERDADE, Pedro Nishi E Vinícius Silva (SP)
BUP, Dandara De Morais (PE)
PERPÉTUO, Lorran Dias (RJ)
MIRAGEM, Flora Dias (SP)
LUA MALDITA, Felipe Santo (SP)
MESMO COM TANTA AGONIA, Alice Andrade Drummond (SP)
MOSTRA PRAÇA
ARARA: UM FILME SOBRE UM FILME SOBREVIVENTE, Lipe Canêdo (MG)
AVOADA, Magno Pinheiro (RJ)
O ÓRFÃO, Carolina Markowicz (SP)
A PRAGA DO CINEMA BRASILEIRO, Zefel Coff E William Alves (DF)
SEREIAS, Barbara Vida (RJ)
QUANDO ELAS CANTAM, Maria Fanchin (SP)
MAJUR, Rafael Irineu (MT)
MEGG- A MARGEM QUE MIGRA PARA O CENTRO, Larissa Nepomuceno E Eduardo Sanches (PR)
PRECISO DIZER QUE TE AMO, Ariel Nobre (SP)
SAIR DO ARMÁRIO, Marina Pontes (BA)
GUARÁ, Fabrício Cordeiro, Luciano Evangelista (GO)
SOCCER BOYS, Carlos Guilherme Vogel (RJ)
KRIS BRONZE, Larry Machado (GO)
JÉSSIKA, Galba Gogoia (RJ)
MOSTRA CORPOS ADIANTE
LUI, Denise Kelm (PR)
QUEBRAMAR, Cris Lyra (SP)
CONTE ISSO ÀQUELES QUE DIZEM QUE FOMOS DERROTADOS, Aiano Bemfica; Camila Bastos; Cristiano Araújo; Pedro Maia De Brito (MG)
NOIRBLUE, Ana Pi (MG)
MOSTRA FOCO MINAS
RUSSA, João Salaviza, Ricardo Alves Jr. (MG)
À CURA DO RIO, Mariana Fagundes Azevedo (MG)
TRABALHO, Desali (MG)
OBREIRAS, Ana França, Gabriela Albuquerque E Isadora Fachardo (MG)
LOGO APÓS, Ana Carolina Soares (MG)
TEORIA SOBRE UM PLANETA ESTRANHO, Marco Antônio Pereira (MG)
PLANO CONTROLE, Juliana Antunes||Assistente Direção: Giselle Ferreira (MG)
MOSTRA FORMAÇÃO
CARTUCHOS DE SUPER NINTENDO EM ANÉIS DE SATURNO, Leon Reis (CE)
EU PRECISO TE VER NO FUNDO DOS MEUS OLHOS, Letícia Gomes (SP)
MARIA, Vini Campos (SP)
PEIXE, PIZZA E PICARETAS – FISH HEAD, Maynard S Farrell (SP)
ESPAVENTO, Ana Francelino (CE)
O CEGO DA CASA AMARELA, Joachim Nadar & Lemuel Gandara (GO)
PEIXE, Yasmin Guimarães (MG)
FARTURA, Yasmin Thayná (RJ)
MOSTRA JOVEM
ARTEIRO, Bruno Carvalho (MG)
ALEM DOS MUROS, Robney Bruno Almeida (GO)
SALVE TODOS, Isabela Renault (MG)
CRAVO, LÍRIO E ROSA, Maju De Paiva (RJ)
MOSTRA CENA REGIONAL
O JACARÉ E O HOMEM DO BOI, Paulo Alexandre Coelho (MG)
A PARTIDA DO MENINO NEIMAR, Rafael Cruz Bianchini (MG)
BAIXA FUNDA O DESTINO DE UM POVO, Marcello Sannyos (MG)
CASULO, Rafael Aguiar (MG)
UM CERTO MARALONSO, Samuel Fortunato (MG)
MOSTRINHA
HISTÓRIAS DE CRIANÇA: O PIRATA CHULÉ E O JOGO DO TESOURO, Heder Dias Godinho (MG)
MEU MELHOR AMIGO, Laly Cataguases (MG)
ÒPÁRÁ DE ÒSÙN: QUANDO TUDO NASCE, Pâmela Peregrino (BA)
A NATUREZA AGRADECE, Ana Maria Cordeiro (GO)
MANCHE, Livia Collino (SP)
AS AVENTURAS DE PETY, Anahi Borges (SP)
MOSTRA VALORES
QUANTAS CIDADES HABITAM EM UMA?, Isis Alcântara e Isis Bey (MG)
SERVIÇO
22ª Mostra de Cinema de Tiradentes
De 18 a 26 de janeiro de 2019
Tiradentes – MG
Programação e mais informações aqui.
Editora, crítica de cinema e podcaster do Cinematório. Filiada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e membra do Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema. Jornalista profissional pela UFMG e com formação em Produção de Moda pela mesma instituição. É cria dos anos 90 e do interior de Minas.