Novo filme de Karim Aïnouz, “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão” ganha trailer

"A Vida Invisível" (2019) - Foto: Bruno Machado/RT Features
Foto: Bruno Machado/RT Features

Sétimo longa-metragem de Karim Aïnouz, “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão” tem estreia mundial neste dia 20 de maio, no Festival de Cannes, dentro da mostra Um Certo Olhar (Un Certain Regard). Foi nesta mesma mostra que o diretor lançou, em 2002, “Madame Satã”, seu primeiro longa.

“A Vida Invisível de Eurídice Gusmão” tem previsão de lançamento no circuito comercial para novembro deste ano. Definido por Aïnouz como um melodrama tropical, o filme traz nos papéis principais duas jovens estreantes no cinema: Carol Duarte, reconhecida por seu trabalho na TV aberta, e Julia Stockler, experiente atriz de teatro. O elenco traz ainda Fernanda Montenegro, como atriz convidada, Gregorio Duvivier, Bárbara Santos, Flavio Bauraqui e Maria Manoella.



Livre adaptação do romance homônimo de Martha Batalha, “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão”, é uma produção da RT Features, de Rodrigo Teixeira, em coprodução com a alemã The Match Factory e os brasileiros Sony Pictures Brasil, Canal Brasil e Naymar (infraestrutura audiovisual).

“Eu fiquei profundamente tocado quando eu li o livro. Disparou memórias intensas da minha vida. Eu fui criado no nordeste dos anos 60, numa sociedade machista e conservadora, dentro de uma família matriarcal. Os homens ou haviam indo embora ou eram ausentes. Numa cultura patriarcal, eu tive a oportunidade de crescer numa família onde as mulheres comandavam o espetáculo – elas eram as protagonistas”, recorda Aïnouz. “O que me levou a adaptar ‘A Vida Invisível de Eurídice Gusmão’ foi o desejo de dar visibilidade a tantas vidas invisíveis, como as da minha mãe, minha avó, das minhas tias e de tantas outras mulheres dessa época. As histórias dessas personagens não foram contadas o suficiente, seja em romances, livros de história ou no cinema”, completa.

Segundo o diretor, trata-se de um melodrama tropical porque a abordagem mistura preceitos clássicos do gênero, mas com um olhar que busca se adaptar a uma contemporaneidade brasileira.

“Eu sempre quis fazer um melodrama que pudesse ser relevante para os nossos tempos. Como eu poderia me engajar com o gênero e ainda torná-lo contemporâneo?  Como eu poderia criar um filme que fosse emocionante como uma grande ópera, em cores florescentes e saturadas, maior que a vida? Eu me lembrava de Janete Clair e das novelas lá do início. Eu queria fazer um melodrama tropical filmado no Rio de Janeiro, uma cidade entre a urbes e a floresta”, pondera.

Rodrigo Teixeira foi o responsável por amarrar o projeto com o diretor. Ao receber o manuscrito de Martha Batalha, o produtor acreditou que Aïnouz seria a melhor pessoa a contar a história, não apenas pelo estilo de sua filmografia, mas também pela interseção entre o livro e a história familiar do diretor, onde observou a invisibilidade das mulheres conduzidas por uma geração machista.

“Quando eu li o livro eu pensei muito no Karim, tanto pela narrativa ter relação com a história pessoal de vida dele, especificamente com o momento que ele estava vivendo naquela época, e também porque o universo me remetia muito a dois filmes dele: ‘O Céu de Suely’ e ‘Seams’, o primeiro de sua carreira, ambos projetos que falam de mulheres fortes, que lutam para sobreviver na nossa sociedade”, explica Teixeira. “Além disso, há tempos Karim me dizia que gostaria de filmar um melodrama, que queria realizar um longa que se aproximasse de Fassbinder, de Sirk. E vi nessa história da Martha Batalha um potente melodrama a ser adaptado. Por tudo isso, tive a certeza que era um filme para ele dirigir. Fazia tempo que estávamos buscando uma grande história para voltarmos a trabalhar juntos, então enviei para ele o manuscrito e ele topou na hora”, continua o produtor.

Confira uma galera de fotos do longa:

Os depoimentos dos realizadores forem fornecidos pela assessoria de imprensa do filme.