Em crítica para o programa Agenda, da Rede Minas, eu falo sobre o documentário “Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar”. O filme do diretor Marcelo Gomes (“Cinema, Aspirinas e Urubus”) estreou nos cinemas e nas plataformas de streaming em 11 de julho, dentro projeto Sessão Vitrine.
O longa nos apresenta à pequena cidade de Toritama, no agreste pernambucano, em que praticamente todos os moradores trabalham sem parar em fábricas caseiras (chamadas facções) de produção de jeans. O local é conhecido como a “capital do jeans”, responsável por 205 da produção nacional.
Nas falas dos toritamenses, o orgulho de serem “patrões de si mesmos”, terem “liberdade” para fazer seus horários e estarem ganhando dinheiro. Mas concorrer com todos os vizinhos e ganhar por produtividade acaba fazendo com que essas pessoas se entreguem a uma lógica neoliberal e capitalista, de trabalho intenso e precário. São 15 horas por dia, 7 dias da semana e não há garantias trabalhistas, já que são autônomos.
Somente quando chega o Carnaval, os moradores se permitem descansar e se divertir. Vendem seus pertences, como geladeira, fogão etc., para pagarem uma viagem até a praia, aproveitam durante alguns dias e, quando voltam, precisam trabalhar mais para comprar tudo de novo. Uma vida em ciclo.
“Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar” foi exibido na Mostra Panorama no Festival de Berlim deste ano. E no Festival É Tudo Verdade ganhou Prêmio da Crítica, Menção Honrosa do Júri Oficial e Menção Honrosa do Júri da ABD-SP.