Ícone do site cinematório

Cinema feito por mulheres negras em destaque no FAN-BH 2019

De 18 a 24 de novembro, o FAN-BH — Festival de Arte Negra de Belo Horizonte oferece programação gratuita, em mais de 20 espaços da cidade.  Com o tema “Território Memória”, o evento chega à sua décima edição em 2019, com mais de 100 atrações do Brasil e do exterior, representando diversas linguagens artísticas e promovendo a produção de arte e cultura de matrizes africanas.

Fortalecendo as ações do mês da Consciência Negra na capital mineira, o FAN-BH 2019 traz mais de 40 filmes na sua programação de cinema. A produção negra nacional, premiada em festivais nacionais e internacionais, tem conquistado espaço nos últimos anos com obras potentes, provocativas e diversas.

Para democratizar o acesso do público a essas produções, o FAN-BH 2019 promove uma série de exibições gratuitas de curtas e longas-metragens recém-lançados no país. Com curadoria da professora e pesquisadora de cinema Tatiana Carvalho, a seleção aponta para a diversidade da recente filmografia negra e para os seus diálogos com o tema do festival.

Protagonismo feminino por trás das câmeras

Em 2019, o FAN-BH destaca filmes dirigidos por mulheres negras. Uma das obras selecionadas pela curadoria nesse sentido é “Ilha”, que traz na direção Glenda Nicácio – segunda mulher negra, na história, a dirigir um longa de ficção que chegou ao circuito comercial brasileiro, “Café com Canela”. Lançado em 2018 no Festival de Brasília e codirigido por Ary Rosa, “Ilha” será exibido na segunda-feira (18) às 19h30 no Cine 104. Ao longo de 96 minutos, a obra narra a história de um jovem que sequestra um prestigiado cineasta para ter sua própria vida retratada.

"Café com Canela" (2017) - Foto: Divulgação
“Café com Canela” (2017) – Foto: Divulgação

No mesmo dia, às 19h, “Café com Canela” será exibido no Galpão Cine Horto. A obra retrata a história de Violeta e Margarida, duas amigas que atravessam juntas por um processo de transformação, marcado por visitas, faxinas e cafés com canela, capazes de despertar novos amigos e antigos amores.

Diretoras negras em documentários

Além de longas de ficção, mulheres negras também estão à frente da direção de obras documentais. Camila Pitanga é uma delas, assinando seu primeiro longa, “Pitanga”, ao lado de Beto Brant. O documentário, de 2018, registra, a partir de encontros, conversas e imagens de arquivo, a história do ator e diretor Antonio Pitanga. O filme será exibido no dia 21 às 19h30, no MIS Cine Santa Tereza, em sessão comentada pelos jornalistas Amanda Lira e Gabriel Araújo, do projeto Enquadro.

Também documental, o longa “A Rainha Nzinga Chegou” será outro dos filmes exibidos durante o FAN-BH. Dirigido por Isabel Casimira e Júnia Torres, o filme, que ressalta a história da própria Isabel, será projetado no MIS Cine Santa Tereza no dia 23, às 18h, em sessão comentada pela equipe responsável.

"A Rainha Nzinga Chegou" (2019) - Foto: Divulgação
“A Rainha Nzinga Chegou” (2019) – Foto: Divulgação

O documentário “O Caso do Homem Errado”, de Camila Moraes, também será exibido gratuitamente em sessão comentada por Tatiana Carvalho. A exibição será realizada no dia 24, às 19h30, no MIS Cine Santa Tereza. A obra apresenta a história real de Júlio César de Melo Pinto, o operário negro que foi executado em Porto Alegre pela Polícia Militar, nos anos 1980.

Por fim, destaque para “Ori”, de 1989, dirigido por Raquel Gerber e roteirizado por Maria Beatriz Nascimento. Ela é quem inspirou o tema desta edição do FAN-BH e é personagem condutora do filme, que também será comentado por Tatiana Carvalho. A sessão será no dia 24 de novembro, às 17h30, no MIS Cine Santa Tereza.

Histórias de Fela kuti em longa-metragem de Joel Zito Araújo

“Meu amigo Fela” é outro dos filmes documentais em destaque na programação audiovisual do FAN-BH. Dirigido pelo mesmo diretor de “A Negação do Brasil”, o mineiro Joel Zito Araújo, o documentário evidencia a vida, a obra e as contradições do multi-instrumentista nigeriano Fela Kuti (1938-1997).

Lançado em 2019, o longa conquistou diversos prêmios nacionais e internacionais e foi exibido em importantes festivais, como o de Roterdã. O filme será exibido gratuitamente no MIS Cine Santa Tereza na terça-feira (19), às 19h30. A sessão será comentada pelo filósofo e historiador Marcos Cardoso.

Produtora mineira Filmes de Plástico completa a programação

Os cineastas da produtora audiovisual Filmes de Plástico, de Contagem (MG), também estão confirmados na programação com sessões gratuitas dos longas “No Coração do Mundo” e “Temporada”. Ambas as exibições serão comentadas por representantes das equipes.

“No Coração do Mundo”, lançado neste ano, será exibido no Cine 104 na quarta-feira, dia 20, às 19h30. Dirigida pelos mineiros Gabriel Martins e Maurílio Martins, a obra foi filmada em Contagem e aborda o cotidiano de colegas que planejam um assalto ambicioso.

"Temporada" (2018) - Foto: Vitrine Filmes/Divulgação
Grace Passô em cena de “Temporada” (2018) – Foto: Vitrine Filmes/Divulgação

Já “Temporada”, dirigido por André Novais de Oliveira, estará em cartaz no sábado, dia 23, às 19h30, no MIS Santa Tereza. Longa de 2018, “Temporada” conquistou espaço no catálogo da Netflix com a narrativa de Juliana (Grace Passô), que encara mudanças em sua rotina após se mudar de Itaúna, no interior de Minas, para Contagem.

Em 2019, a Filmes de Plástico completa uma década de existência acumulando, em seu portfólio, mais de 110 premiações. Os filmes produzidos pela equipe já chegaram a importantes festivais, como os realizados em Cannes, na França, e em Roterdã, na Holanda.

Cinema negro em pauta nas ações formativas

O FAN-BH 2019 também promove espaço para reflexão sobre as produções atuais e o cenário do audiovisual para a negritude. A palestra “O cinema negro contemporâneo”, por exemplo, reunirá especialistas para um debate no MIS Cine Santa Tereza no dia 20 de novembro, às 19h30. Participarão das discussões a pesquisadora, curadora e doutora em História pela PUC-Rio, Janaína Oliveira, o cineasta da produtora Ponta de Anzol, Jacson Dias, o ator, diretor, produtor e professor de teatro, Adyr Assumpção, e a pesquisadora Tatiana Carvalho.

Durante o FAN-BH, ainda serão oferecidas atividades formativas com a pesquisadora Janaína Oliveira, que oferecerá o minicurso “Cinema africano pela descolonização das telas”, e com a cineasta Everlane Moraes, que promoverá a oficina “Cinema e o Espelho: experiências, olhares e registros”. Toda a programação formativa será gratuita.

Atrações internacionais

Além de filmes nacionais, estão em destaque obras produzidas em outros continentes. A britânica radicada alemã Natasha A. Kelly, por exemplo, estará em Belo Horizonte para comentar seu documentário “Milli’s Awakening”, que retrata as narrativas de três mulheres negras de diferentes gerações. São entrevistadas, no longa, a fabricante de máscaras Nabu, a artista e cineasta Naomi e a estudante e cineasta Maciré. O filme será exibido no Cine 104 no dia 21 de novembro às 19h30.

Filmes africanos também terão destacados na programação de forma a apontar para a relevância histórica das obras e recuperar as discussões pautadas pelo FAN-BH desde a primeira edição, em 1995. Nesse sentido, serão exibidos, no dia 21 de novembro, no MIS Cine Santa Tereza, a partir das 16h, filmes como “Contras’ City” e “Hienas”, do senegalês Djibril Diop Mambety, e “Carta Camponesa”, da também senegalesa Safi Faye.

Serviço
Festival de Arte Negra de Belo Horizonte – FAN-BH

Programação gratuita
Data: 18 a 24 de novembro
Local: Mais de 20 espaços de Belo Horizonte
Informações no site oficial

Com informações da assessoria de imprensa do festival.

Sair da versão mobile