O Festival de Cannes anunciou hoje os filmes da sua Seleção Oficial de 2020, um ano atípico em que a pandemia do novo coronavírus paralisou a indústria cinematográfica, fechando salas, suspendendo estreias e cancelando festivais.
Cannes fez muito mistério em torno da realização ou não da 73ª edição do maior festival de cinema do mundo. Depois de tentarem adiar a realização do evento por duas vezes, os organizadores enfim cederam ao cancelamento, mas ainda assim mantiveram o anúncio da Seleção Oficial, ainda que sem a entrega da Palma de Ouro. Este ano, entrar na lista já é um prêmio concedido pela curadoria coordenada por Thierry Frémaux.
Os títulos poderão usar o selo de Cannes em sua divulgação e não serão impedidos de competirem em outros festivais, desde que estes os aceitem. As negociações quanto a isso ainda estão em andamento e envolvem, também, a realização de seções paralelas dos “filmes de Cannes” na programação dos festivais parceiros.
O júri oficial, presidido pelo cineasta Spike Lee, não participou da seleção. Na verdade, o júri completo sequer chegou a ser formado. Lee deverá ser mantido na presidência para a 74ª edição, em 2021.
Um brasileiro entre mais de 50 filmes
Cannes surpreendeu pela quantidade de filmes anunciados: 56, ao todo. A seleção é bastante eclética e foi dividida em “temas”, ao invés das tradicionais mostras paralelas, como a Un Certain Regard. Há um grupo de filmes de diretores que já competiram em edições anteriores (entre eles, Wes Anderson, Naomi Kawase, Steve McQueen – com dois filmes – e Thomas Vinterberg) e há outro para cineastas que estão “participando” do festival pela primeira vez. Estão lá também as animações (entre elas “Soul”, da Pixar) e os documentários.
O Brasil está representado na seção “Os Primeiros Longas”, com “Casa de Antiguidades”, do diretor João Paulo Miranda Maria. O filme conta a história de Cristovam (interpretado por Antônio Pitanga), um caipira que sai de sua terra em busca de melhores condições de trabalho, mas que enfrenta a solidão e o preconceito devido ao contraste cultural e étnico. Em recente entrevista, João Paulo disse que “Casa de Antiguidades” mostra “o embate numa sociedade perdida no tempo, em que visões antiquadas e preconceituosas voltam à tona e alguém precisa enfrentar tudo isto”.
“Casa de Antiguidades” tem ainda no elenco o belga Sam Louwyck (“Cargo”), Ana Flávia Cavalcanti (“Corpo Elétrico”), Aline Marta Maia (“Serial Kelly”) e Gilda Nomacce (“As Boas Maneiras”). A direção de fotografia é de Benjamín Echazarreta, fotógrafo de “Uma Mulher Fantástica”, longa vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, a montagem é de Benjamin Mirguet (“Batalla En El Cielo”) e a música é de Nicolas Becker (“Gravidade”). O filme ainda não tem previsão de estreia nos cinemas.
Confira abaixo a Seleção Oficial completa de Cannes 2020:
OS FIÉIS (ou pelo menos já selecionados antes)
THE FRENCH DISPATCH, Wes Anderson (EUA) – 1h43
ÉTÉ 85, François Ozon (França) – 1h40
ASA GA KURU (True Mothers), Naomi Kawase (Japão) – 2h20
LOVERS ROCK, Steve McQueen (Reino Unido) – 1h08
MANGROVE, Steve McQueen (Reino Unido) – 2h04
DRUK (Another Round), Thomas Vinterberg – (Dinamarca) – 1h55
ADN (DNA), Maïwenn (França/Algéria) – 1h30
LAST WORDS, Jonathan Nossiter (EUA) – 2h06
HEAVEN: TO THE LAND OF HAPPINESS, Im Sang-Soo (Coreia do Sul) – 1h40
EL OLVIDO QUE SEREMOS (Forgotten we’ll be), Fernando Trueba (Espanha) – 2h16
PENINSULA, Yeon Sang-Ho (Coreia do Sul) – 1h54
IN THE DUSK (Au crépuscule), Sharunas Bartas (Lituânia) – 2h06
DES HOMMES (Home Front), Lucas Belvaux – (Bélgica) – 1h40
THE REAL THING, Kôji Fukada (Japão) – 3h48
OS CALOUROS
PASSION SIMPLE, Danielle Arbid (Líbano) – 1h36
A GOOD MAN, Marie Castille Mention-Schaar (França) – 1h47
LES CHOSES QU’ON DIT, LES CHOSES QU’ON FAIT, Emmanuel Mouret (França) – 2h
SOUAD, Ayten Amin (Egito) – 1h30
LIMBO, Ben Sharrock (Reino Unido) – 1h53
ROUGE (Red Soil), Farid Bentoumi (França) – 1h26
SWEAT, Magnus Von Horn (Suécia) – 1h40
TEDDY, Ludovic e Zoran Boukherma (França) – 1h28
FEBRUARY (Février), Kamen Kalev (Bulgária) – 2h05
AMMONITE, Francis Lee (Reino Unido) – 2h
UN MÉDECIN DE NUIT, Elie Wajeman (França) – 1h40
ENFANT TERRIBLE, Oskar Roehler (Alemanha) – 2h14
NADIA, BUTTERFLY, Pascal Plante (Canadá) – 1h46
HERE WE ARE, Nir Bergman (Israel) – 1h34
UM FILME COLETIVO
SEPTET: THE STORY OF HONG KONG, Ann Hui, Johnnie TO, Tsui Hark, Sammo Hung, Yuen Woo-Ping et Patrick Tam (Hong Kong) – 1h53
OS PRIMEIROS LONGAS
FALLING, Viggo Mortensen (EUA) – 1h52
PLEASURE, Ninja Thyberg (Suécia) – 1h45
SLALOM, Charlène Favier (França) – 1h32
CASA DE ANTIGUIDADES, João Paulo Miranda Maria (Brasil) – 1h27
BROKEN KEYS (Fausse note), Jimmy Keyrouz (Líbano) – 1h30
IBRAHIM, Samir Guesmi (França) – 1h20
BEGINNING (Au commencement), Déa Kulumbegashvili (Geórgia) – 2h10
GAGARINE, Fanny Liatard et Jérémy Trouilh (França) – 1h35
16 PRINTEMPS, Suzanne Lindon (França) – 1h13
VAURIEN, Peter Dourountzis (França) – 1h35
GARÇON CHIFFON, Nicolas Maury (França) – 1h48
SI LE VENT TOMBE (Should the Wind Fall), Nora Martirosyan (Armênia) – 1h40
JOHN AND THE HOLE, Pascual Sisto (EUA) – 1h38
STRIDING INTO THE WIND (Courir au gré du vent), Wei Shujun (China) – 2h36
THE DEATH OF CINEMA AND MY FATHER TOO (La Mort du cinéma et de mon père aussi), Dani Rosenberg (Israel) – 1h40
3 DOCUMENTÁRIOS
EN ROUTE POUR LE MILLIARD (The Billion Road), Dieudo Hamadi – (Congo) – 1h30
THE TRUFFLE HUNTERS, Michael Dweck e Gregory Kershaw (EUA) – 1h24
9 JOURS A RAQQA, Xavier de Lauzanne – (França) – 1h30
5 COMÉDIAS
ANTOINETTE DANS LES CÉVÈNNES, Caroline Vignal (França) – 1h35
LES DEUX ALFRED, Bruno Podalydès (França) – 1h30
UN TRIOMPHE (The big hit), Emmanuel Courcol (França) – 1h40
L’ORIGINE DU MONDE, Laurent Lafitte (França)
LE DISCOURS, Laurent Tirard (França) – 1h27
4 ANIMAÇÕES
AYA TO MAJO (Earwig and the Witch), Gorô Miyazaki (Japão) – 1h22
FLEE, Jonas Poher Rasmussen (Dinamarca) – 1h30
JOSEP, Aurel (França) – 1h20
SOUL, Pete Docter (EUA) – 1h30