Fundada em 2011, a Rosza Filmes é uma produtora independente que realiza cinema a partir de processos coletivos e colaborativos. À frente da iniciativa, a dupla Ary Rosa e Glenda Nicácio assina a direção dos longas-metragens “Café com Canela” (2017), “Ilha” (2018) e “Até o Fim” (2020), uma “trilogia” que chama a atenção na produção contemporânea nacional, propondo novas imagens e importantes discussões sobre afetividades, representações da negritude e temas sociais ligados ao cotidiano brasileiro. Os três filmes agora estão disponíveis online, até 2 de julho, no canal da produtora no YouTube, onde também é possível assistir a alguns vídeos de making of e ouvir as trilhas sonoras na íntegra. A produtora também disponibilizou, por meio de um link em seu Instagram oficial, os roteiros dos três filmes.
“Café com Canela” — que tem Valdinéia Soriano, Aline Brunne, Babu Santana, Arlete Dias, Antônio Fábio, Guilherme Silva, Aldri Anunciação e Dona Dalva do Samba no elenco — abriu a 21ª Mostra de Cinema de Tiradentes e foi premiado como Melhor Filme pelo Júri Popular, Melhor Atriz e Melhor Roteiro no 50º Festival de Brasília. Também levou prêmios em outros festivais e, internacionalmente, foi selecionado para o Festival de Roterdã, dentro da programação do PACT: Pan-African Cinema Today. A narrativa se passa no Recôncavo Baiano e traz Margarida vivendo em São Félix, isolada pela dor da perda do filho, e Violeta seguindo a vida em Cachoeira, entre adversidades do dia a dia e traumas do passado. Quando elas se reencontram, inicia-se um processo de transformação, marcado por visitas, faxinas e cafés com canela, que despertam novos amigos e antigos amores.
“Ilha”, lançado no ano seguinte, 2018, traz Aldri Anunciação e Renan Motta nos papéis principais, além dos atores Thacle de Souza, Arlete Dias, Valdinéia Soriano, Sérgio Laurentino, Aline Brune e Ridson Reis. No Festival de Brasília, o longa ganhou Candangos de Melhor Roteiro (Ary Rosa), Melhor Ator (Aldri Anunciação) e Melhor Filme de Longa-Metragem do Prêmio Zózimo Bulbul. No Festival do Rio, levou o Redentor de Melhor Filme na Mostra Novos Rumos e o Prêmio Petrobras de Cinema. Também foi premiado em outros festivais e selecionado para a Mostra Corpos Adiante da 23ª Mostra de Cinema de Tiradentes e para a Mostra Soul in the Eye do Festival de Roterdã. Metalinguístico, fazendo uso de técnicas diversas da linguagem e tempos em mistura, o filme conta a história de Emerson, que quer fazer um filme sobre sua história na Ilha, sobre as partes mais importantes de sua vida naquele lugar, onde quem nasce nunca consegue sair. E tudo vira um jogo a partir do momento que esse filme começa a acontecer.
“Até o Fim”, a produção mais recente de Ary e Glenda, narra o reencontro de quatro irmãs em face da iminente morte do pai. Geralda, a mais velha, trabalha em seu quiosque à beira de uma praia no Recôncavo Baiano e telefona para avisar suas irmãs Rose, Bel e Vilmar. A reunião se torna momento de desabafo e reconhecimentos de quatro mulheres que se afastaram umas das outras após a morte da mãe, há 15 anos. No elenco poderoso, Arlete Dias, Wal Diaz, Jenny Muller e Maíra Azevedo. O filme foi exibido dentro da Mostra Olhos Livres em Tiradentes, onde foi eleito Melhor Longa pelo Júri Popular. Leia a nossa crítica neste link e ouça o podcast em que entrevistamos Glenda aqui.
Editora, crítica de cinema e podcaster do Cinematório. Filiada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e membra do Elviras – Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema. Jornalista profissional pela UFMG e com formação em Produção de Moda pela mesma instituição. É cria dos anos 90 e do interior de Minas.