No reino do cinema de mulheres, o Brasil se sagrou o grande vencedor. “Mulher Oceano”, estreia na direção de Djin Sganzerla, foi eleito o melhor longa de ficção na competição internacional da terceira edição do Porto Femme, durante a premiação do último sábado à noite. A filha de Helena Ignez e Rogério Sganzerla, que também interpreta as duas protagonistas do filme, mandou uma mensagem de agradecimento em vídeo, claramente surpresa e emocionada, desejando longa vida ao cinema de mulheres e ao Porto Femme. O reconhecimento da produção, que terá sua estreia no Brasil na Mostra de São Paulo no fim deste mês, é especialmente significativo, numa edição que também contou com longas dirigidos por sua mãe (“Fakir”) e irmã (“A Mulher da Luz Própria”).
E quem acompanhou nosso diário do festival por aqui pôde ler sobre alguns dos principais filmes premiados. O myanmarense (myanmarês? Um beijo para Myanmar) “Nesta Terra Somos Temporariamente Fantasmas”, comentado no dia 2, foi eleito o melhor curta de ficção internacional. Já o excelente “O que Não Mata” foi, sem muita surpresa, o melhor documentário. E outro brasileiro, “Selma Depois da Chuva”, recebeu uma Menção Especial do júri responsável por destacar filmes que ressaltam as lutas e os direitos das mulheres.
Na competição nacional/portuguesa, “Quando For Tarde”, de Mariana Calado foi a melhor ficção; “Sentir-me”, a melhor animação; e “Parto sem Dor”, o melhor documentário. Confira a lista completa dos premiados abaixo.
(Nota do redator: se tiverem a chance, não percam “Alien”, vencedor da Menção Especial na Competição XX Element. É um excelente curta, que não comentei aqui por ter sido um dos integrantes da comissão de seleção da mostra.)
COMPETIÇÃO INTERNACIONAL
Melhor longa de ficção – “Mulher Oceano”, de Djin Sganzerla
Melhor atriz – Ildikó Hámori, “The mother in Pilate”
Melhor curta de ficção – “Nesta Terra Somos Temporariamente Fantasmas”, de Chen-Wen Lo
Menção Especial – Curta de Ficção – “Marisol”, de Zoé Salicrup
Melhor animação – “ROK”, de Malgorzata Bosek-Serafinska
Menção Especial – Animação – “Natalie D”, de Angèle Béraud
Melhor Documentário – “O Que Não Mata”, de Alexe Poukine
Menção Especial – Documentário – “The cup is already filling up”, de Debora Elgeholm
Melhor filme experimental – “The Stone Guest”, de Marina Fomenko
Menção Especial – Experimental – “Girls grow up drawing horses”, de Joanie Wind
COMPETIÇÃO NACIONAL
Melhor curta de ficção – “Quando for tarde”, de Mariana Calado
Melhor atriz – Teresa Tavares, “Escuro”, de Leonor Alexandrino
Melhor animação – “Sentir-me”, de Débora Rodrigues, Joana Flauzino e Vanessa Santos
Melhor documentário – “Parto sem dor”, de Maria Mire
Menção Especial – Documentário – “A Janela” de Patricia Sobreiro
COMPETIÇÃO ESTUDANTES
Melhor ficção – “XY”, de Anna Karín
Menção Especial – “Till the end of the world”, de Florence Bouvy
Melhor animação – “Synchronicity”, de Michelle Brand
Melhor documentário – “She dyes her hair pink”, de Viv Li
Menção Especial – Documentário – “I see in the dark”, de Lana Bregar
PRÊMIO DO FESTIVAL
Melhor filme – “Inside me”, de Maria Trigo Teixeira
COMPETIÇÃO XX ELEMENT
Melhor filme – “I am Fatou”, de Amir Ramadan
Menção Especial – “Alien”, de Jegwang Yeon
PRÊMIO LUTAS E DIREITOS DAS MULHERES
Melhor filme – “We have a dream”, de Satoko Kojima Hoshino
Menção Especial – “Selma Depois da Chuva”, de Loli Menezes
Menção Especial – “Reminiscence”, de César Zamudio de Souza
PRÊMIO FESTINET
Melhor filme – “Tarefas do Dia”, de Petya Zlatev
O crítico atualmente mora em Portugal e viajou ao Porto Femme a convite do festival.
Crítico de cinema desde 2004, filiado à Abraccine e à Fipresci. Jornalista e mestre em Cinema pela Universidade da Beira Interior, em Portugal, onde atualmente cursa o doutorado em Media Artes com pesquisa sobre cinema queer contemporâneo, financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). É votante internacional do Globo de Ouro e já integrou o júri da crítica em festivais dentro e fora do país.