Em um ano atípico, devido à pandemia de Covid-19, a lista de indicações à 93ª edição do Oscar trouxe boas notícias sobre diversidade, com várias primeiras vezes na história da premiação. Após cobranças mais do que válidas nas últimas edições, a Academia indicou mais mulheres e pessoas não brancas. Além disso, países que nunca concorreram a estatuetas finalmente fazem suas estreias. E com o streaming mais em alta do que nunca, a Netflix reina absoluta. Confira, a seguir, as curiosidades do Oscar 2021. E clique aqui para ver a lista completa de vencedores.
A cerimônia de premiação acontece na noite do dia 25 de abril. A data foi adiada em função da pandemia de Covid-19. Também por esta razão, a presença no Dolby Theatre, em Los Angeles, será limitada aos apresentadores e aos indicados e seus convidados. A entrega das estatuetas será transmitida pelo canal pago TNT. Na TV aberta, os direitos de transmissão são da Rede Globo.
“Mank”, de David Fincher, é o filme com o maior número de indicações: 10. Em seguida, empatados com seis indicações, estão: “Os 7 de Chicago”, “Judas e o Messias Negro”, “Meu Pai”, “Minari”, “Nomadland” e “O Som do Silêncio”. Entre os indicados a Melhor Filme, “Bela Vingança” fecha a lista concorrendo a cinco estatuetas.
Pela primeira vez, duas mulheres são indicadas a Melhor Direção: Chloé Zhao, por “Nomadland”, e Emerald Fennell, por “Bela Vingança”. Com elas, são apenas sete mulheres, na história da premiação, indicadas à estatueta.
Foi bom, mas poderia ter sido ainda melhor, já que não faltavam diretoras dignas de indicação ao Oscar este ano: Regina King, por “Uma Noite em Miami”, Kelly Reichardt, por “First Cow”, e Eliza Hittman, por “Nunca Raramente Às Vezes Sempre” são as que rondavam as apostas e poderiam muito bem ter fechado um grupo de cinco indicadas. Aliás, os filmes das duas últimas foram completamente esnobados pela Academia, apesar de terem se destacado nos festivais e nos círculos da crítica em 2020.
O destaque é, sem dúvida, a chinesa Chloé Zhao, primeira mulher asiática a ser indicada a Melhor Direção e a primeira mulher a receber quatro indicações na mesma edição do Oscar: por “Nomadland”, ela também concorre como produtora, roteirista e montadora. E tem chances reais de levar tudo.
Na categoria Melhor Ator, Riz Ahmed (“O Som do Silêncio”) é o primeiro ator muçulmano a concorrer à estatueta, enquanto Steven Yeun (“Minari”) é o primeiro indicado de descendência asiática.
Chadwick Boseman é favorito a ganhar como Melhor Ator por “A Voz Suprema do Blues”. Ele morreu em 2020 devido a um câncer, aos 43 anos, e é o sétimo ator com indicação póstuma, após James Dean, Spencer Tracy, Peter Finch, Ralph Richardson, Massimo Troisi e Heath Ledger. Dentre esses, apenas Peter Finch venceu como Melhor Ator, por “Rede de Intrigas”. Heath Ledger ganhou como Melhor Ator Coadjuvante, por “Batman – O Cavaleiro das Trevas”.
Indicada por “A Voz Suprema do Blues”, Viola Davis é a primeira mulher negra a ter duas indicações ao Oscar de Melhor Atriz na carreira. A anterior foi por “Histórias Cruzadas”. Viola agora também é a mulher negra com mais indicações na história da premiação: quatro. Como coadjuvante, ela concorreu por “Dúvida” e venceu por “Um Limite Entre Nós”.
Pela segunda vez na história, duas mulheres negras são indicadas a Melhor Atriz: Viola Davis, por “A Voz Suprema do Blues”, e Andra Day, por “Os Estados Unidos vs. Billie Holiday”. Ambas interpretam cantoras.
Curiosamente, a primeira vez que duas mulheres negras concorreram ao Oscar de Melhor Atriz foi em 1973, quando Diana Ross também interpretou Billie Holiday, em “O Ocaso de uma Estrela”. Cicely Tyson foi indicada por “Lágrimas de Esperança”. A vencedora foi Liza Minelli, por “Cabaret”.
Protagonista de “Nomadland”, Frances McDormand pode se tornar a única vencedora na história do Oscar com três estatuetas de Melhor Atriz, ficando atrás apenas da recordista Katharine Hepburn, que conquistou quatro vezes o prêmio.
Mais que isso: se ganhar, Frances será também a única a vencer nas três vezes em que foi indicada nesta categoria. Antes, ela concorreu e ganhou por “Fargo” e “Três Anúncios para um Crime”. Curiosamente, Frances não venceu nas três vezes em que foi indicada como Melhor Atriz Coadjvuante (por “Mississipi em Chamas”, “Quase Famosos” e “Terra Fria”).
Como também é produtora de “Nomadland”, indicado a Melhor Filme, Frances ainda pode terminar a noite com mais essa estatueta.
Daniel Kaluuya e LaKeith Stanfield são os primeiros atores negros a concorrerem na mesma categoria pelo mesmo filme: ambos foram indicados como Melhor Ator Coadjuvante por “Judas e o Messias Negro” (embora, na verdade, tenham papéis principais). Aliás, o longa é o primeiro indicado a Melhor Filme que tem um time de produtores todo formado por pessoas negras.
Aos 72 anos, Paul Raci recebe a primeira indicação da carreira, como Melhor Ator Coadjuvante por “O Som do Silêncio”. Embora não seja surdo como seu personagem, seus pais são e ele aprendeu a língua de sinais na infância.
Vários atores que interpretam pessoas com deficiência já concorreram ao Oscar, mas são raros aqueles que são pessoas com deficiência assim como seus personagens. Apenas dois venceram até hoje: Harold Russell (como Ator Coadjuvante por “Os Melhores Anos de Nossas Vidas”, em 1947) e Marlee Matlin (como Melhor Atriz por “Filhos do Silêncio”, em 1987).
Entre os indicados a Melhor Filme Internacional, dois países estreantes: Romênia, com “Colectiv”, e Tunísia, com “O Homem que Vendeu Sua Pele”. Também concorrem: “Druk – Mais uma Rodada” (Dinamarca), “Better Days” (Hong Kong) e “Quo Vadis, Aida?” (Bósnia e Herzegovina).
Cabe observar que “Colectiv” é um documentário. O Brasil também tentou colocar um documentário entre os indicados a Melhor Filme Internacional este ano, com “Babenco – Alguém Precisa Ouvir o Coração e Dizer: Parou”, mas nosso representante não chegou nem à pré-lista.
O filme romeno também foi indicado como Melhor Documentário, repetindo o feito de “Honeyland” no Oscar 2020. “Colectiv” venceu a Competição Internacional do É Tudo Verdade 2020 e fala sobre uma fraude no sistema de saúde de Bucareste, a partir de uma investigação jornalística sobre as vítimas do incêndio na boate Colectiv, ocorrido em 2015.
Com o streaming se tornando a saída para o cinema, já que as salas tiveram que ficar fechadas devido à pandemia, a Netflix bateu seu recorde particular no Oscar e é o estúdio com mais indicações: 35 contra as 24 conquistadas no ano passado.
Além de ter dois filmes na categoria principal (“Mank” e “Os 7 de Chicago”), a Netflix concorre com os atores principais de “A Voz Suprema do Blues”, com Glenn Close e sua maquiagem em “Era uma Vez um Sonho”, com a animação “A Caminho da Lua”, com o roteiro de “O Tigre Branco”, com a fotografia e o design de produção de “Relatos do Mundo”, com os efeitos visuais de “O Céu da Meia-Noite”, com a música de “Destacamento Blood” e com o documentário “Crip Camp”.
Vale pontuar que plataforma se beneficiou por ter adquirido filmes que seriam lançados por outros estúdios nos cinemas inicialmente (caso, por exemplo, de “Os 7 de Chicago” e “Relatos do Mundo”).
A Amazon conseguiu 12 indicações, seu maior número no Oscar até agora, concorrendo com “O Som do Silêncio”, “Uma Noite em Miami” e “Borat: Fita de Cinema Seguinte”.
Já a Apple conquistou suas duas primeiras indicações: melhor animação com “Wolfwalkers” e melhor som com “Greyhound”.
Também estreando no Oscar, a Disney Plus concorre em melhor animação, som e música original com “Soul”, melhor animação com “Dois Irmãos”, melhores efeitos visuais e figurino com “Mulan” e melhores efeitos visuais com “O Grande Ivan”.
Tem ainda “Os Estados Unidos vs. Billie Holiday”, que tem distribuição da Hulu, plataforma pertencente à Disney. Sem contar “Nomadland”, que está sendo exibido na Hulu e tem distribuição e produção da Searchlight, estúdio que era da Fox e também foi comprado pela Disney.