Atriz, roteirista e diretora, Helena Ignez ganha uma análise estética de sua trajetória no recém-lançado livro “Helena Ignez, Atriz Experimental”, escrito pelos professores e pesquisadores Pedro Guimarães e Sandro de Oliveira. Em 232 páginas, a obra destaca as inovações e contribuições da artista para a construção do Cinema Novo e do Cinema Marginal.
A introdução do livro é assinada pelo professor e teórico Ismail Xavier, que discorre em seu texto sobre as inovações que Helena trouxe para o trabalho dos atores no cinema brasileiro, em parte graças à sua parceria com os diretores Rogério Sganzerla e Júlio Bressane nos filmes da produtora Belair, a partir de 1970.
A análise desenvolvida pelos autores dedica-se, segundo Xavier, a um processo de criação que, pela riqueza de práticas e estratégias de atuação da atriz, permite uma ampla caracterização de métodos de trabalho do cinema moderno, com ênfase na sua vertente experimental, dada a variedade de estilos encontrada ao longo da carreira de Helena, conforme os diferentes momentos do cinema brasileiro.
O leitor também encontra nas primeiras páginas referências sobre a formação de Helena, desde o curso na Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia à sua estreia no cinema com o curta-metragem “Pátio”, de 1959, primeiro filme de Glauber Rocha.
Publicado pelas Edições Sesc São Paulo, o livro “Helena Ignez, Atriz Experimental” teve seu lançamento em uma live, com a participação dos autores e da própria Helena Ignez. A gravação do evento está disponível online e pode ser vista logo abaixo. O livro pode ser adquirido nas principais livrarias e também site do Sesc São Paulo.
Nascida em Salvador, em 23 de maio de 1942, Helena Ignez abandonou, a contragosto da família, a faculdade de Direito e foi cursar Artes Dramáticas. No meio teatral conheceu diretores brasileiros e americanos e acabou se envolvendo com os movimentos vanguardistas.
Durante o período acadêmico conheceu Glauber Rocha, com quem se casou e teve uma filha, a diretora Paloma Rocha. Depois de se divorciar, a atriz, roteirista e diretora conheceu outro cineasta do chamado “cinema marginal”, Rogério Sganzerla, com que se casou e teve duas filhas, a atriz Djin Sganzerla e a produtora Sinai Sganzerla.
Profissionalmente, depois de sua estreia no curta-metragem “Pátio” (1959), Helena participou de inúmeras produções no cinema, mas também marcou presença nos palcos e na TV. Entre os filmes, destacam-se “Assalto ao Trem Pagador” (1962), “O Padre e a Moça (1966, cuja atuação lhe rendeu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Brasília e no Festival de Teresópolis), “O Bandido da Luz Vermelha” (1968), “A Mulher de Todos (1969), “A Família do Barulho”, “Copacabana, Mon Amour” e “Cuidado, Madame” (os três de 1970).
Sua primeira incursão como diretora ocorreu em 2005, com o curta “A Miss e o Dinossauro”. Dois anos depois, assinou seu primeiro longa-metragem, “Canção de Baal”. Em 2009, atuou em “Hotel Atlântico”, de Suzana Amaral, e nesse mesmo ano codirigiu “Luz nas Trevas – A Volta do Bandido da Luz Vermelha”, com base em um roteiro, de centenas de páginas, deixado por Sganzerla, morto em 2004.
Com informações da assessoria de imprensa do Sesc São Paulo.